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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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A política do PT é boa para os empresários, diz Paulo Okamotto

Fundação Perseu Abramo usa pequenos empreendedores para mudar imagem do governo nas eleições

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São Paulo

Mirando 32 mil candidaturas do PT pelo país, Paulo Okamotto, amigo de Lula e presidente da Fundação Perseu Abramo, centro de formação política do partido, quer mudar a mentalidade do empresariado nacional a partir das chamadas PMEs (Pequenas e Médias Empresas). Hoje, 95% das empresas brasileiras são dessa categoria e elas geram 6 em 10 empregos.

Para isso, o instituto viraliza uma campanha a partir deste fim de semana com vídeos de três minutos que retratam a realidade desses empresários e mostram como projetos do PT ajudaram a impulsionar seus negócios.

Paulo Okamotto, presidente da Fundação Perseu Abramo
Paulo Okamotto, presidente da Fundação Perseu Abramo - Zanone Fraissat/Folhapress

O senhor já foi presidente do Sebrae, instituição voltada aos empreendedores de pequeno porte. Como esses eleitores podem fazer diferença hoje?
De certa forma, o empresariado não entende muito o papel que a gente joga enquanto partido, enquanto proposta econômica de fazer com que o país tenha cada vez mais pessoas ganhando bem.

O que a gente observou [com pesquisas] é que os empresários dos pequenos negócios têm uma visão muito crítica. Acham que pagam muito imposto, mesmo estando no Simples. Também acham que os trabalhadores não são bem formados e não querem trabalhar porque têm Bolsa Família. Compram esse discurso muito conservador. A gente quer abrir um diálogo para mostrar que a política do governo Lula e do PT é boa para os empresários.

Muitos acham que o Bolsa Família impede o trabalhador de procurar emprego.
Como partido, temos também o papel de mostrar quais são as políticas mais exitosas e que facilitam a vida dos empresários. Acreditamos que a nossa é a melhor, porque se não tiver uma economia em que os trabalhadores, os consumidores estejam ganhando dinheiro, a vida das empresas também fica mais difícil. Nossas pesquisas mostram que a gente precisa continuar trabalhando nessa conversa com o empresariado para mostrar como é mais vantajoso ter um governo que distribui renda do que outro que não.

O PT sempre teve uma base política ligada ao sindicalismo. Essa mudança para o empreendedorismo reflete a crise do emprego formal e a desindustrialização?

A nossa origem é de trabalhadores sindicalizados, industriais. Só que ao longo do tempo o papel das indústrias no desenvolvimento econômico foi diminuindo. Hoje, a grande parcela do PIB não se dá na indústria. Os trabalhadores estão mais no setor de comércio e serviço. A gente precisa incorporar isso no discurso.

O Sebrae está espalhado pelo país e o atual presidente é do PT. A instituição vai ajudar nas campanhas municipais?
Não, são universos completamente separados. O Sebrae é uma instituição de governo e tem o papel de capacitar os empresários para que eles cresçam.

Com base na última pesquisa Quaest, analistas políticos disseram que o PT perdeu apoio dos eleitores da periferia em São Paulo, onde Pablo Marçal avançou bastante. Boulos tem Marta Suplicy, um quadro histórico do PT, como vice. Como o senhor explica isso?
A fundação tem como missão pensar alguns problemas estratégicos que o partido enfrenta. Esta é uma coisa que a gente vem observando faz tempo: é preciso atualizar e incorporar no discurso, na preocupação dos nossos candidatos, os pequenos negócios, porque eles fazem diferença na vida dessas pessoas.

A grande força do partido é na periferia, principalmente entre os mais pobres, o pessoal que tem uma luta mais difícil para ter acesso à saúde, à educação, ao transporte, a uma cidade mais segura. Quando você pergunta para as pessoas [nas pesquisas] quem que se preocupa mais com isso, elas sempre reconhecem que é o PT. O que a gente precisa fazer é mostrar para outras pessoas que elas também saem ganhando por essas políticas que o partido implanta, mesmo não sendo beneficiadas diretamente.

O empresário tem que entender que essa política que é feita, como a do Bolsa Família e a de fazer com que a aposentadoria tenha aumento real, é boa para ele.


Raio-X | Paulo Okamotto, 68

Na Fundação Perseu Abramo desde 2023, Okamotto trabalhou como metalúrgico e se tornou dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em 1981. Foi tesoureiro de campanha de Lula em 1989, presidiu o PT-SP e é um dos fundadores do Instituto Lula, o qual comandou de 2011 a 2023. Foi presidente do Sebrae entre os governos Lula 1 e 2.

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