Pedro Luiz Passos

Empresário, conselheiro da Natura.

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Pedro Luiz Passos

Mais que reformas

País precisa de lideranças, novas competências e evitar políticas do passado

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O futuro movido pelas inovações tecnológicas e culturais está chegando sem que se consiga enxergar com clareza como encaminhar no Brasil os desafios sistêmicos do século 21, com o agravante de ainda tatearmos com as grandes reformas sem um mapa de caminho minimamente consensual sobre para onde estamos indo.

As certezas são poucas, sendo a principal entre todas a de que as mudanças estão em ritmo acelerado em áreas fundamentais para a economia, a organização social e política e a gestão pública.

Tome-se o exemplo da demografia. O viés do envelhecimento da população exige respostas (para as quais já estamos atrasados) em termos de novos padrões de idade mínima para aposentadoria, da própria definição sobre o conceito de idoso e atenção à saúde.

Outra certeza é que as transformações precipitadas pelos avanços tecnológicos tendem a ser constantes, como se vê, para darmos outro exemplo, com a telefonia digital a caminho do padrão 5G, sem que tenhamos consolidado no país o 4G.


Esse é o pano de fundo dos desafios que se apresentam a nós, dificultados por estarmos com a economia estagnada há três anos, depois de um biênio em recessão profunda, legando desemprego, ociosidade das atividades produtivas, finanças públicas em ruína, polarização política e zonas de litígio entre as prerrogativas do Executivo, do Congresso e do Judiciário. É confusão demais.

Para quase tudo nos falta coesão política e social transformadora visando o bem comum, indicando omissão ou alheamento de setores importantes da sociedade, inclusive do empresariado, que em outros tempos se fez presente nos momentos decisivos para o país, no trabalho de propor soluções e apoiar as mudanças necessárias.

No “mundo real” faltam vozes que falem sem preconceitos ideológicos sobre investimento produtivo, o futuro do emprego, tecnologias e ciências fundamentais tanto no currículo das escolas quanto nas operações empresariais e dos governos. Tipo identidade digital única, computação na “nuvem”, inteligência artificial, transações seguras, ética na proteção de dados e centralidade do ambiente sadio.

Tais questões estão mal traçadas até pelo desuso da conceituação sobre indústria, representada por entidades que se contrapõem como se fossem distintas das atividades de serviços, do comércio, do agronegócio, das finanças, quando, de fato, hoje todas se unem e se coligam em modelos de negócios inovadores, derrubando as fronteiras tradicionais.

Não se trata só de uma questão de representatividade setorial, que também ficou obsoleta ao expressar, na maioria dos casos, mais os interesses de uma burocracia que representa a si mesma que ao setor empresarial que diz representar. 

O problema aparece em todos os campos. O exemplo mais flagrante é o sistema tributário, que, ao não acompanhar as transformações, pune a produção industrial.

A própria natureza do capital se transformou, emergindo uma visão financista não necessariamente em sintonia com os interesses produtivos.

As transformações das últimas décadas tornaram muito mais complexa a dinâmica dos negócios, enquanto ao mesmo tempo desapareciam os antigos líderes e porta-vozes do setor privado. 

Carecemos, hoje, de novas lideranças para podermos formular, de modo competente, o que se quer e o que seja factível obter da economia.

Um projeto sobre novas competências no país, por tudo isso, não pode deixar de ser considerado. Definitivamente, não devemos nem podemos voltar às políticas de desenvolvimento do passado.

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