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Iniciativa Pipa luta para ampliar acesso da periferia a recursos

No Brasil, 31% das organizações de comunidades vivem com menos de R$ 5 mil por ano

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Gelson Henrique

É sociólogo e coordenador executivo da Iniciativa PIPA

Imagina um auditório com pessoas importantes e representativas do ecossistema da filantropia, reunidas dentro de um banco privado na maior cidade da América Latina. Esse foi o cenário do lançamento da pesquisa "Periferias e Filantropia: as barreiras de acesso aos recursos no Brasil", realizado pela Iniciativa Pipa, em parceria com o Instituto Nu, em São Paulo.

A Pipa é uma iniciativa pensada para ajudar a democratizar o acesso ao investimento social privado no Brasil. Queremos ser uma ponte efetiva de conexão entre financiadores e coletivos, movimentos e organizações de base favelada e periférica, produzindo diagnósticos, ferramentas e ações para fazer com que esses recursos cheguem às favelas e às periferias brasileiras.

Equipe da Pipa com os pesquisadores de cinco regiões que foram para os territórios fazer a interlocução com os projetos e iniciativas
Equipe da Pipa com os pesquisadores de cinco regiões. Eles foram para os territórios fazer a interlocução com os projetos e iniciativas - Romulo Ferreira

Os protagonistas do evento eram pessoas negras e periféricas do Brasil, falando de suas realidades e dificuldades em acessar o investimento social privado.

Foi um evento potente, de aprendizado e afirmação da importância do debate sobre as dificuldades de acesso ao recurso que pode potencializar trabalhos que já existem e que são efetivos na transformação da vida de povos periféricos.

No Brasil, 31% das organizações de periferia vivem com menos de R$ 5 mil por ano. Em 89% dessas organizações, as equipes gestoras têm mais de um emprego (informal). Em 58%, toda a equipe é voluntária. Vale destacar que 74,1% dos integrantes dessas organizações são pessoas negras e 68% são mulheres.

Os dados apontam o que já se sentia empiricamente: as organizações de periferia não têm acesso aos financiadores e, quando acessam, dificilmente existe uma relação de confiança porque não fazem parte da rede e não conhecem o trabalho e o território.

Esse desconhecimento do setor filantrópico sobre a realidade dos gestores das periferias brasileiras é um grande desafio, importante de ser debatido no congresso do Gife (Grupo de Investidores, Fundações e Empresas), a ser realizado entre os dias 12 e 14 de abril, cujo tema "Desafiando Estruturas de Desigualdades" coloca os dados da pesquisa "Periferias e Filantropia" na centralidade da discussão.

Segundo a pesquisa, 41,8% das organizações respondentes se identificam como coletivos, enquanto apenas 12,2% se identificam como Osc (Organização da Sociedade Civil). Ao olhar para o investimento social privado engajado com terceiros, a maior parte ainda são OSCs. Há uma série de exigências nos editais como ter CNPJ e cumprir determinados critérios, quando a realidade é que os coletivos não conseguem nem acessar esses editais por falta de energia elétrica, internet, pessoal.

É preciso trazer o olhar dos grandes doadores do país para a realidade das periferias, potencializando o financiamento a essas organizações. Bem como é importante que os gestores conheçam melhor quem está financiando seu trabalho.

É uma estratégia de articulação para ampliar o impacto das organizações, iniciativas e projetos que trabalham há muito tempo na ponta e sabem como fazer. É preciso dar dignidade para essas pessoas trabalharem.

E é imprescindível olhar para as periferias não apenas como beneficiários, mas como parceiros estratégicos da transformação social do país que a filantropia e o investimento social privado buscam potencializar e fazer acontecer.

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