Preto Zezé

Presidente nacional da Cufa, fundador do Laboratório de Inovação Social e membro da Frente Nacional Antirracista.

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Museu das Favelas: o exemplo de São Paulo

É preciso comemorar todos os passos institucionais dados para corrigir o passado

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No fim do século 19, o cafeicultor Elias Antônio Pacheco e Chaves encomendou a construção de um palacete para ser sua residência na então região dos Campos Elíseos. Projetado em 1896, o palacete foi concluído em 1899. Mais tarde, em 1912, o governo estadual adquiriu o imóvel que atualmente é sede do Museu das Favelas, por meio do Decreto nº 66.194 de 8 de novembro de 2021.

A criação do museu atendeu uma provocação da Cufa, que sugeriu a ressignificação desse espaço do palácio, que deveria incorporar o poder e a potência das favelas do Brasil.

Os mais desavisados podem até pensar que se trata de apologia à pobreza mas, pelo contrário, é a exaltação da riqueza. As favelas do Brasil produzem R$ 189 bilhões em poder de consumo, mais do que o PIB de muitos países da América Latina.

No presente e no passado, foram as favelas, habitadas em sua maioria por pessoas pretas, que produziu tantos talentos e referências como Mano Brown, Kondzilla, Zé Keti, Cartola, Itamar Assumpção, Madrinha Eunice, Geraldo Filme, Adhemar Ferreira da Silva, Carolina Maria de Jesus — estes últimos homenageados com estátuas espalhadas pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, que tem à frente uma secretária preta oriunda de favela, Aline Torres, que ocupa a cadeira que já foi de Mário de Andrade.

São Paulo é essa soma de habilidades, mesmo com seus traços históricos que ainda precisam ser superados, como ser uma das mais desiguais do país e uma das últimas a abolir a escravidão. É preciso comemorar todos os passos institucionais dados para virar essa página, corrigindo caminhos e traçando novos, incorporando a pujança criativa e inovadora dessa gente que tanto trabalha e ajuda a cidade a ser o que é.

E nada mais simbólico que o palácio, que já foi ocupado com pompa e poder, receber seus ilustres moradores da cidade.

Que o Museu das Favelas, seja a ponte entre um passado que hoje trabalhamos para mudar e um futuro que forjamos agora com essa gente potente, de muito valor. Essa é uma parceria do Governo do Estado de São Paulo com a organização social de cultura IDG (Instituto de Desenvolvimento e Gestão), que hoje também faz a gestão do conceituado Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

O Museu está desenvolvendo seus projetos com uma equipe representativa das favelas e prezando pela contratação de equipes periféricas, além de contar com a curadoria de talentos e grandes nomes das favelas. O movimento faz de São Paulo o farol para reescrever uma história a várias mãos. A história de um Brasil onde os que produzem a cidade também usufruem e serão celebrados por ela nos anais da história.

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