Priscilla Bacalhau

Doutora em economia, consultora de impacto social e pesquisadora do FGV EESP CLEAR, que auxilia os governos do Brasil e da África lusófona na agenda de monitoramento e avaliação de políticas

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Priscilla Bacalhau
Descrição de chapéu desigualdade de gênero

Por uma matemática sem disparidade de gênero

Autoimagem de alunos se reflete na diferença de desempenho

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Aprender matemática é visto como um desafio quase intransponível por muitos estudantes. Desde os primeiros embates com os intricados conceitos numéricos, uma resistência inicial pode surgir, levando alguns alunos a evitar essa exploração. Gradativamente, a disciplina assume uma aura intimidante e frases como "simplesmente não consigo entender matemática" se tornam comuns.

Em algumas situações, esse desconforto evolui para uma ansiedade matemática, capaz até de desencadear respostas fisiológicas diante de problemas numéricos.

A aversão à matemática não escolhe estudantes, impactando tanto meninos como meninas ao longo de sua jornada acadêmica. Essa resistência afeta a autoconfiança dos estudantes em sua capacidade de dominar a disciplina. Contudo, a disparidade nos resultados de aprendizagem tem uma dimensão de gênero: tradicionalmente, os meninos demonstram um desempenho superior em avaliações matemáticas, em especial nas séries iniciais.

Dados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) apontam que as meninas, mesmo aquelas com excelentes desempenhos, demonstram menor autoconfiança em comparação aos meninos ao resolver problemas matemáticos ou científicos.

A discrepância de desempenho diminuiu ao longo dos anos em diversos países, inclusive no Brasil. Todavia a lacuna persiste. A probabilidade de um estudante masculino alcançar um alto desempenho em matemática supera a de uma estudante feminina. Por outro lado, as meninas apresentam resultados consistentemente superiores em leitura.

A tentação de atribuir essa discrepância a fatores biológicos pode emergir. Mas não há evidências científicas contundentes que sustentem a crença de que existe uma diferença inata nas habilidades matemáticas entre os gêneros. As diferenças observadas nas realizações matemáticas entre meninos e meninas geralmente podem ser atribuídas a fatores sociais e culturais, não biológicos.

Jaqueline Godoy Mesquita, 37, primeira pessoa da região Norte a assumir a presidência da Sociedade Brasileira de Matemática - Beto Monteiro/Secom UnB

Os estereótipos de gênero e os preconceitos enraizados desde a infância continuam a ecoar nos resultados educacionais. O modo como professores interagem com seus alunos desempenha um papel crucial e, por isso, é preciso investir em métodos inclusivos. As atitudes dos professores influenciam a imagem que os alunos têm de si próprios, o que se reflete na disparidade de gênero no desempenho, nas faculdades e, consequentemente, no mercado de trabalho.

Nesse contexto, um esforço conjunto é imperativo. Pais, educadores e legisladores devem colaborar para que meninos e meninas possam explorar todo o seu potencial, impulsionando seu desenvolvimento de forma equitativa.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.