Priscilla Bacalhau

Doutora em economia, consultora de impacto social e pesquisadora do FGV EESP CLEAR, que auxilia os governos do Brasil e da África lusófona na agenda de monitoramento e avaliação de políticas

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O poder do Enem

O exame se consolidou como a principal porta de entrada para o ensino superior

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O Enem tem presença marcante em conversas da sociedade brasileira. O Exame Nacional do Ensino Médio se consolidou como a principal porta de entrada para o ensino superior, complementando e substituindo vestibulares Brasil afora. Por isso, é alvo de discussões por estudantes, famílias, profissionais da educação e políticos. Todo mundo sempre tem alguma opinião sobre o exame ou sobre alguma polêmica em torno dele.

As críticas a um suposto viés ideológico do exame são constantes. O primeiro dia de prova do Enem deste ano, realizado no último domingo, traz o exemplo mais recente. Lideranças ruralistas questionaram o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão que elabora e executa o Enem, por incluírem itens na prova que criam uma imagem negativa do agronegócio.

O ex-presidente Bolsonaro, que já atacava o conteúdo do exame desde sua época de deputado, seguiu criticando enquanto chefe do executivo federal, alegando que o Enem promoveria a doutrinação dos estudantes para pautas tidas como de esquerda. Nesse período, o governo realizou um processo de censura de itens relacionados a temas considerados sensíveis, como feminismo e ditadura militar, ignorando critérios técnicos. A polêmica culminou em uma debandada de servidores do Inep, às vésperas do Enem de 2021.

Mas as opiniões sobre o exame não se restringem às acusações ideológicas. Desde que o Enem passou a ser utilizado mais amplamente como vestibular, os problemas logísticos para viabilizar sua execução viraram pauta dos jornais e das conversas populares. Houve roubo de prova, vazamento, problemas de impressão, aplicadores mal treinados, gabaritos trocados…

Fica evidente que viabilizar uma prova distribuída simultaneamente para todo o país, em segurança, não é uma tarefa trivial. A cada ano novos desafios precisam ser superados. Esse ano, 1% dos candidatos foram alocados em locais de prova mais distantes do que era determinado pelo edital. Não é um número insignificante de candidatos, mas o governo lidou com a falha permitindo que as pessoas prejudicadas façam a prova em outra data.

É compreensível que o Enem exerça esse poder de suscitar discussões na sociedade. Afinal, ele mantém-se como uma ferramenta essencial para a realização do sonho universitário de milhões de estudantes. Os debates e críticas refletem não apenas as controvérsias presentes, mas a importância de um processo que visa proporcionar igualdade de oportunidades educacionais. O Enem continua a ser um agente transformador, moldando o futuro dos aspirantes a ingressar no ensino superior. Esse é seu principal poder e o que deve estar em constante discussão.

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