Há quatro anos, o mundo parava com o início da pandemia de Covid-19. Os primeiros impactos foram imediatos, com efeitos expressivos na educação, com o fechamento das escolas, na renda, com o desemprego, e, obviamente, na saúde. Aos poucos o mundo se recupera.
Entre os 193 países listados no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), da ONU, o Brasil está na 89º posição —atrás de Argentina, Chile e Uruguai. Mas os dados referentes a 2022, divulgados na quarta (13), mostram que os países começaram a reverter a queda decorrente da pandemia.
O IDH é um indicador sintético, composto de uma combinação de três dimensões básicas do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, escolaridade e um nível de vida digno. O indicador, que varia de 0 a 1, é melhor quanto mais próximo de 1.
Em 2022, o Brasil pontuava 0,760, revertendo queda de anos anteriores, mas ainda abaixo do resultado pré-pandêmico (0,766). A média mundial voltou ao valor de 2019 (0,739).
A retomada do crescimento do desenvolvimento humano no Brasil é puxada pelas dimensões de renda e saúde do IDH, que cresceram entre 2021 e 2022. Contudo, em 2022, a expectativa de vida ao nascer foi de 73,4 anos, valor equivalente ao patamar de 2011 (73,3 anos). Ou seja, apesar de termos iniciado a recuperação, ainda estamos abaixo da expectativa de vida observada imediatamente antes da pandemia (75,3 anos).
Entre as três dimensões do IDH, a educação foi a única que não melhorou na última medição. O Brasil estagnou nos dois indicadores que compõem essa dimensão: a escolaridade média dos adultos (8,3 anos) e a expectativa de anos de estudo das crianças (15,6 anos).
A estagnação nos indicadores de escolaridade não é surpreendente diante da crise sanitária e política do período. Outros países, como os vizinhos citados acima, também não conseguiram avançar nesses indicadores. Mas seus números são bem superiores aos brasileiros. Os argentinos, por exemplo, apresentam escolaridade média dos adultos de 11,1 anos e expectativa de anos de estudo das crianças de 19,0 anos.
Além disso, se a desigualdade entre a população fosse incorporada ao índice, o IDH do Brasil, segundo a ONU, cairia 24%. Em comparação, na Argentina, a queda do IDH se considerada a desigualdade seria de apenas 12%.
Com a retomada de políticas e avanços recentes, podemos esperar que o próximo IDH venha melhor do que esse. O recente crescimento da renda domiciliar, o investimento em política educacional para o ensino básico e programas de vacinação, por exemplo, nos deixam sonhar com melhores dias de desenvolvimento humano para a população.
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