Priscilla Bacalhau

Doutora em economia, consultora de impacto social e pesquisadora do FGV EESP CLEAR, que auxilia os governos do Brasil e da África lusófona na agenda de monitoramento e avaliação de políticas

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Introduzir inteligência artificial nas escolas exige muita cautela

Usada apropriadamente, tecnologia pode auxiliar o trabalho dos professores

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Com novas tecnologias sempre vêm desafios. Quando o ChatGPT foi lançado para o público, em novembro de 2022, houve muito questionamento sobre o que isso representaria para as profissões. Seria uma questão de tempo para que nossas funções fossem substituídas por robôs?


Um ano e meio depois, nem tudo foi respondido, mas seu uso vem sendo bastante popularizado. E quem ainda não começou a pensar em como ferramentas de inteligência artificial podem otimizar seu trabalho deveria começar, pois elas vieram para ficar.

A área educacional não está ficando para trás. Mas a notícia, publicada pela Folha no dia 17, de que a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo passaria a usar o ChatGPT para produzir aulas digitais gerou bastante estranhamento.

Essa não é a única inovação tecnológica proposta por essa gestão. Na quarta-feira (24), o secretário anunciou o "fluencímetro", ferramenta que também utiliza inteligência artificial para analisar a fluência leitora dos alunos. Essa tecnologia se soma a vários aplicativos que vêm sendo adotados para diferentes fins na rede estadual.

Apesar de alinhada à tendência mundial, a adoção de tecnologias em larga escala, na maior rede estadual do país, precisa ser realizada com cautela. Como, aliás, tudo em educação.

Sebastien Bozon/AFP

No caso da formulação de material didático, por exemplo, diversos cuidados precisam estar presentes no processo. De partida, é preciso garantir um alinhamento com o currículo estabelecido, e para isso a ferramenta de inteligência artificial precisa ter acesso às informações corretas. Protocolos, que já deveriam ser de praxe, devem ser seguidos: não se pode confiar totalmente em nenhum conteúdo que saia diretamente do ChatGPT, é preciso saber quais comandos serão dados, revisar tudo, checar fontes e informações atualizadas. Além disso, continua cabendo exclusivamente aos professores a identificação das necessidades específicas dos alunos.

Usada de forma apropriada, a ferramenta pode auxiliar —não substituir— o trabalho dos professores curriculistas. Ainda não se sabe exatamente como é essa "forma apropriada", por isso é necessário manter a autonomia dos profissionais, com a valorização de sua análise crítica. Mas potenciais benefícios incluem eficiência operacional e aumento das possibilidades de diferenciação de conteúdos.

Um ponto que não pode ser ignorado é que os professores, como tantos outros profissionais, já estão usando essas ferramentas, inclusive para planejar aulas. Portanto, incorporar isso na política pública não é necessariamente uma inovação, mas uma necessidade para alinhar diretrizes ideais para sua utilização. Resta saber se será realizada com a cautela que a tecnologia, ainda incipiente, exige.

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