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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Corinthians perdeu estilo de jogo confiável do primeiro semestre de 2017

Não vale dizer que a equipe desandou após saída de Jô; os problemas iniciaram antes

São Paulo

Durante todo o ano passado, o Corinthians só sofreu três gols uma vez. Contra o Flamengo, três dias depois de oficializar o título brasileiro na vitória sobre o Fluminense por 3 a 1. Perder por 3 a 2 do Bragantino no jogo de ida das quartas de final do Paulista, justamente na semana em que Fábio Carille festejou o retorno do DNA defensivo, parece ironia do destino.

O problema da defesa é claro: o jogo aéreo. Dos dez gols sofridos pelo Corinthians em 2018, metade nasceu de cruzamentos pelo alto. Se a conta incluir lances que nascem nas costas dos laterais, como o gol de Brenner, do São Paulo, cruzamento baixo de Militão, o índice sobe para 70%. O defeito do time, no entanto, não é a defesa. É a dificuldade para criar.

O Bragantino só escapava em contra-ataques tímidos e conseguia escanteios como o do primeiro gol, porque o time de Carille abusava do erro na frente. Foram 24 passes desperdiçados em jogadas pela faixa central do campo.

Maycon foi o campeão com seis, mas Émerson e Romero perderam oito vezes a bola cada um, interceptados por jogadores do Bragantino.

A razão da dificuldade passava pela marcação imposta pela equipe do interior. Adenílson, número 5, posicionava-se como primeiro volante, mas recuava atrás de Rodriguinho. Diminuía o espaço, também porque o Corinthians tem pouca capacidade de inverter o lado da jogada.

Campinho mostra Adenílson acompanhando Rodriguinho na marcação
Adenílson acompanhava Rodriguinho na marcação

Elemento surpresa só quando Maycon saía da posição de volante para tabelar com Rodriguinho.

Maycon como elemento surpresa: foi o que funcionou
Maycon como elemento surpresa: foi o que funcionou

O primeiro jogo das quartas de final evidencia também o momento ruim de Cássio, que espalmou para o meio da área o chute de Ítalo e deu o rebote para Vitinho marcar o segundo.

Depois também devolveu para a pequena área a finalização do terceiro gol, marcado por Ítalo. O atacante de 21 anos foi contratado pelo Bragantino do Londrina. Jogou também pelo Gama-DF, pelo Guarani-SP e pelo Paraná Clube.

Não vale continuar dizendo que o Corinthians perdeu o tom depois da saída de Jô. Lembre-se de como foi o segundo turno do Brasileirão. Com Jô na equipe, o Corinthians fechou a segunda metade em 12º lugar, com sete vitórias e oito derrotas em 19 jogos.

Sofreu 21 gols, 12 a mais do que no turno.

Então não é só por causa das ausências de Jô, Arana e Pablo. Os três estavam quando os problemas começaram.

Carille busca soluções ofensivas. Escalar Maycon em vez de Ralf é um sinal de que deseja atacar.

Liberar o volante ilustra a procura por alternativas, assim como a opção por Pedrinho, na sua visão o jogador que mais evoluiu fisicamente de 12 meses para cá. Mas ainda não está pronto para 90 minutos em alto nível.

Há jogadores em que Carille não acredita. Caso de Lucca. Hoje em dia, parece compartilhar da desconfiança da torcida sobre Kazim e Júnior Dutra. O resultado é que a solução mais clara até aqui foi abrir mão do centroavante. Há jogos em que a função faz falta.

O Corinthians pode vencer o Bragantino por 2 a 0 e alcançar as semifinais. Não é disso que se trata. A questão é como o Corinthians voltará a jogar com a confiabilidade do primeiro semestre de 2017.

MELHOR ATUAÇÃO

O Palmeiras teve a melhor atuação das quartas de final, com boas participações de Dudu e Marcos Rocha. Também de Jaílson, autor de defesa monstruosa em cabeceio de Safira. O Palmeiras aproxima-se das semifinais com o melhor ataque e a melhor defesa da competição.

ARAPUCA PAULISTA

Os grandes derrotados na primeira partida das quartas podem perfeitamente dar a virada no meio de semana. Mas as vitórias de Bragantino e São Caetano reforçam a história de que sempre há um intruso entre os semifinalistas. Os quatro grandes só chegaram quatro vezes em 18 torneios.

Jogadores do Corinthians na derrota para o Bragantino no Pacaembu - Rivaldo Gomes/Folhapress
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