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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Barcelona e Real Madrid jogam sem Messi e Cristiano em campo pela 1ª vez em 11 anos

  Último clássico sem o argentino e o português aconteceu em 2007 e foi decidido por Júlio Baptista  

Real Madrid e Barcelona entram em campo neste domingo (28) para o início de uma nova época. Pela primeira vez em 11 anos, o maior jogo do planeta não terá nem Cristiano Ronaldo nem Messi. O português deu adeus à Espanha por sua vontade e a transferência para a Juventus, em julho, já anunciava o fim do período dourado, em que os dois maiores craques desta geração desafiavam um ao outro por troféus coletivos e individuais.

Para evidenciar um pouco mais o ciclo encerrado, Messi fraturou o braço e não estará no Bernabéu, onde marcou 15 dos 26 gols que o tornam o maior artilheiro de Real e Barça.

Não adianta nem dizer que Modric foi recentemente eleito o melhor jogador do ano pela Fifa. O croata é, no máximo, o destaque de 2018. Messi e Cristiano são gênios indiscutíveis.

O último Real Madrid e Barcelona disputado sem o argentino nem o português aconteceu em 2007 e teve o brasileiro Júlio Baptista como protagonista: “Sou muito feliz por ter meu nome gravado nesse jogo”, disse o meia, hoje no Cluj (ROM). Dois dias antes do Natal, Júlio Baptista marcou o gol da vitória madridista e mudou o líder de um campeonato mais tarde vencido pelo Real.

O fim do ciclo Messi-Cristiano coincide com o Espanhol mais embolado e repleto de surpresas da década. Há um mês, o Real Madrid foi atropelado pelo Sevilla por 3 a 0 e o Barcelona perdeu de virada para o Leganés por 2 a 1. Fazia sete anos que os dois não perdiam no mesmo dia. O clube da capital ficou quatro rodadas da liga sem vencer. O Barça passou quatro partidas seguidas, de competições diferentes, sem ganhar. O Real ficou quatro jogos seguidos sem fazer gol pela primeira vez desde 1985. O Barcelona viu diminuir em 15% a presença de público no Camp Nou, na liga.

A revista France Football chamou o clássico deste domingo de mortal.

Apesar das oscilações, não há motivo para alerta. As últimas cinco edições da Champions League foram vencidas por madridistas (4) ou barcelonistas (1). Real Madrid e Barcelona segue sendo acompanhado por 650 milhões de telespectadores em 185 países. O status de maior jogo do mundo é resultado de duas décadas de trabalho para transformar um simples campeonato nacional em La Liga de las Estrellas. Há 20 anos, Internazionale e Milan chamava mais a atenção do que Barça e Real. Ou era, no mínimo, igual.

“Joguei Arsenal e Tottenham, na Premier League. A rivalidade é parecida. Mas Real Madrid e Barcelona é transcendental”, diz Júlio Baptista.

O 1 a 0 de Júlio Baptista é apenas a fronteira para a época dos superstars. Já era especial quando havia Evaristo ou Cruyff, Di Stéfano e mais tarde Zidane, ou quando Ronaldinho Gaúcho entrava na área do Santiago Bernabéu enfileirando zagueiros, antes de ser aplaudido de pé pela torcida da casa. 

Uma parte de nosso encanto tem a ver com a quantidade de episódios de ídolos daqui fazendo história lá. Nos últimos 11 anos, o clássico sempre teve Cristiano ou Messi. Mas há 22 sempre houve pelo menos um brasileiro em campo. A última vez sem ninguém nascido aqui aconteceu em 10 de fevereiro de 1996. O Barça venceu por 3 a 0, dois gols do bósnio Kodro, um do português Luis Figo.

Ainda não se conhecia Bosman, o belga que mudou a legislação europeia e acabou, na prática, com o limite de estrangeiros. Aumentou a debandada de jogadores brasileiros para a Europa e o interesse de crianças daqui em ver os jogos de lá.

A ausência dos dois melhores jogadores do mundo não diminui isso. Acabou a era Cristiano e Messi. Mas hoje parece mais fácil acabar o Brasil do que terminar o ciclo brasileiro dentro do clássico.

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