PVC

Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

PVC

Felipão muda o Palmeiras, mas mantém quem decide

Treinador reveza os iguais para ter os diferentes sempre que possível; Dudu é o exemplo

Felipão durante jogo do Palmeiras contra o Flamengo no Maracanã - Ricardo Moraes/Reuters

A lógica de Felipão não é difícil de entender, mas exige atenção a bons observadores. Ele reveza os dois times, na Libertadores e no Brasileirão. Mas mantém entre dois e quatro titulares, cinco no clássico contra o Flamengo pela emergência da falta de laterais direitos. Apesar do revezamento, há uma coisa sempre presente: a manutenção de quem decide. Em síntese, Felipão reveza os iguais para ter os diferentes sempre que possível.

Dudu é o exemplo disso.

Foi ele quem mais ajudou o Palmeiras contra o Flamengo. Fez o gol e foi o melhor em campo. Depois de destruir como o puxador dos contra-ataques mais perigosos, Dudu passou a atuar como meia central, quando Felipão trocou Guerra por Willian. Desde que chegou ao Parque Antarctica, em 2015, já houve discussões sobre a maneira de atuar do craque palmeirense.

Com Marcelo Oliveira, campeão da Copa do Brasil, jogava centralizado, como concluiu o jogo contra o Flamengo. Diziam que era estupidez do treinador, mas deu os dois passes para os dois gols contra o Santos, na final do mata-mata nacional.

Em 2016, jogava pela esquerda, ponta-de-lança, entrava em diagonal. Foi o melhor jogador do segundo turno, depois da venda de Gabriel Jesus ser confirmada, para o Manchester City. Neste ano, jogou pela esquerda, pela direita e pelo centro. Desde a chegada de Felipão, sempre bem.

Vale ressaltar o período do técnico campeão de 2002, porque muita gente pergunta por que Tite não convoca Dudu. Simples. Porque na primeira chamada, em agosto, Dudu não estava jogando bem. Nas outras duas listas, sua presença era proibida, porque a seleção não convocou quem estava envolvido nas finais da Copa do Brasil nem pelo título do Brasileirão.

Dudu comemora o seu gol marcado no empate do Palmeiras contra o Flamengo no Maracanã - Ricardo Moraes/Reuters

A questão agora é a Libertadores. A estratégia que mais funciona para o Palmeiras é o contra-ataque. Não é justo dizer que seja uma equipe exclusivamente de bolas longas ou do desejo de explorar os erros dos adversários. Mas o time de Felipão é melhor quando pode mesclar a troca de passes com a marcação no campo de defesa, para contra-atacar. Não será possível jogar assim contra o Boca Juniors.

Na quarta-feira passada, Felipão admitiu que o erro da equipe foi errar passes demais, não conseguir agredir quando tinha a posse de bola. Sua vontade, portanto, não é chamar o rival até sofrer o gol.
Contra o Boca Juniors, será mais difícil, pela necessidade de marcar no campo de ataque e avançar as linhas.

Isto não significa ter pressa. Não vale o chavão "fazer um gol nos primeiros dez minutos." Haverá 90 minutos para chegar aos 2 x 0. Ano passado, havia também a necessidade de vencer o Barcelona, de Guayaquil, sem sofrer gols, para levar a decisão para os pênaltis. Ganhou com gol de Moisés aos 6 da segunda etapa e passou 40 minutos batendo no muro equatoriano.

O Palmeiras tem um problema extra. Levou gol nos últimos três jogos. Não era praxe para a equipe de Felipão.

Desde o retorno do treinador, o Palmeiras jogou 23 vezes, marcou dois gols ou mais onze vezes (47%) e não sofreu gol em nove jogos (39%). Fez o placar necessário para ir aos pênaltis sete vezes e para se classificar diretamente apenas uma.

Mas se tiver a valentia do Maracanã no sábado à noite tem chance de se classificar.

O MELHOR TRICOLOR

Bruno Alves foi o autor do gol da vitória do São Paulo, em Salvador, na sexta-feira (26). Há cinco rodadas, o zagueiro é o melhor jogador são-paulino. Marca muito forte e leva perigo nas bolas paradas do ataque. É pouco para o campeão do primeiro turno e explica o insucesso na segunda parte do Brasileiro.

O ARTILHEIRO

Gabriel chegou aos 16 gols como goleador do Brasileiro e afasta o vexame dos últimos anos. Jô e Henrique Dourado foram  goleadores de 2017 com 18. É pouco. No passado, em torneios de 20 clubes, artilheiros faziam pelo menos 20. Mas é o Brasileiro da fuga do ataque. Gabriel pode oferecer índice honroso.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.