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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Brasil vazio na tarde de domingo

Campeonato Brasileiro segue numa inesperada escalada de público

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A CBF lançará nesta semana um plano para levar mais gente aos estádios. Não costuma ser fácil elogiar ações do futebol brasileiro. O projeto atual parece inteligente. Haverá fidelização, e isso permitirá a torcedores trocar pontos por ingressos. A ideia vem colada ao perfil do Brasileiro nas redes sociais e fará os beneficiados serem sócios de seus clubes.

O Brasileiro 2019 segue numa inesperada escalada de público. O Fortaleza juntou-se a Flamengo, Corinthians, São Paulo e Palmeiras no grupo dos que têm mais de 30 mil por partida. Desde 1976, não havia cinco clubes com índice tão alto.

Gabriel, do Flamengo, comemora gol no Campeonato Brasileiro
Gabriel, do Flamengo, comemora gol no Campeonato Brasileiro - Pilar Olivares - 1.set.19/Reuters

Na edição de 43 anos atrás, Corinthians, Inter, Atlético-MG, Fluminense e Flamengo tiveram as melhores médias.

“O que está acontecendo não é acaso”, diz o diretor de competições da CBF, Manoel Flores. Mais ou menos...

Há quatro clubes que juntam fidelização a preços razoáveis. O Palmeiras tem o ingresso mais caro do país, mas o sócio paga R$ 35, em média, se tiver 80% de presença. É parecida a política do Corinthians.

Antigamente, você acordava, olhava para o céu, escutava a previsão do tempo, pensava se o sol valia praia ou piscina e, então, decidia ir à bilheteria do estádio ou ao restaurante. A fidelização impede isso. Quem decide ir ao jogo em cima da hora paga caro.

Não é assim com quem é sócio e vai sempre. É relação de cliente. Há quem julgue injusto com o torcedor. Antes, era injusto com o clube.

Em 1994, o Palmeiras foi campeão com Edmundo, Evair, César Sampaio, Mazinho e Roberto Carlos diante de 19 mil por partida. Hoje, está em quinto e tem 32 mil por jogo. 

Dos quatro times mais populares, o Flamengo tem o bilhete mais barato (R$ 37 em média). Sua boa campanha ajuda a aumentar o índice do torneio, assim como Fortaleza, Ceará e Bahia. “O São Paulo tem um grupo de executivos que estuda os preços e não faz aleatoriamente”, elogia Manoel Flores. Para por aqui.

Há vícios e mitos que, repetidos à exaustão, dificultam a compreensão do que leva e afasta público. Nos últimos sete anos, os programas de TV repetiram que havia um plano de elitização dos estádios. Hoje, numa das maiores crises econômicas da história, há recorde de torcedores em 36 anos.

Há três décadas, discute-se a fuga da torcida, mas pouca gente notou que a presença variou pouco. O diagnóstico era raso. Não houve fuga, porque não havia multidões. Sempre houve grandes públicos em jogões e baixos em jogos de meio de tabela.

“Brasil está vazio na tarde de domingo, né?” é verso de Milton Nascimento e Fernando Brant. A versão de Milton chegou à rádio Gazeta no dia 16 de abril de 1970, e a de Wilson Simonal, em 25 de junho de 1970, ensina João Marcelo Bôscoli. No ano do tri, houve 20 mil de média no Robertão, o Brasileiro daquele ano.

Como ninguém se debruçava sobre a questão, nunca houve explosão, como aconteceu na Alemanha, na década passada.

Em 1991, antes da Premier League, o Campeonato Inglês arrastava 19 mil pessoas por jogo. Hoje, o Brasileiro leva 21 mil, pela primeira vez desde 1983. Não é para soltar foguetes. O secretário-geral da CBF fez discurso entusiasmado na abertura da Fute Expo e falou sobre o recorde de público.

Ele estaria certo se tratasse como o início de um processo que pretende levar a metas muito mais altas. Hoje, três clubes têm 75% de ocupação de seus estádios: Flamengo, Corinthians e Palmeiras. Há 25% de potencial de crescimento para eles e muito mais para os outros times. O futebol brasileiro ainda é como a Ilha de Vera Cruz, da carta de Pero Vaz de Caminha: “Em se plantando, tudo dá”. Mas precisa plantar.

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