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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Ida de Messi para o PSG muda geografia da Champions League

Time francês e City podem levar o futebol para um período de muita desigualdade

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Os espanhóis rapidamente apelidaram os elencos estelares do Real Madrid, do início do século 21, de “galácticos”. Eram jogadores de outras galáxias, quando Figo, em 2000, e Zidane, em 2001, juntaram-se a Fernando Redondo, Raúl, Roberto Carlos, Makelele e Morientes.

Criatividade é artigo de luxo para os dirigentes qatarianos. Criativos, terão facilidade para transformar Messi, Neymar e Mbappé em Les Lumières (as luzes).

A cidade luz, la ville lumière em francês, tem agora uma equipe capaz de iluminar o futebol mundial, mais do que fizeram Zidane e Figo, depois de receberem as companhias de Ronaldo, Beckham e Owen. Já galácticos, os espanhóis ganharam a Champions League de 2002.

Depois do Fenômeno, só campeonatos nacionais.

Ocorre que as luzes do Parque dos Príncipes contrastarão com as sombras das contas que não fecham de um time que disputa o Campeonato Francês, tem sede em Paris, mas representa o Qatar.

Carrega o símbolo do Banco Nacional do Qatar (QNB) na manga da camisa, é controlado pela Qatar Sports Investment (QSI) e já foi investigado por superdimensionar os ganhos com patrocinadores provenientes de seu país de origem.

Há dez anos, a Universidade do Qatar estudou a construção de nuvens artificiais para sobrevoar os estádios durante a Copa do Mundo. A ideia era criar sombra sobre os torcedores. Mais penumbra no futebol qatariano.

As luzes nos campos franceses são quase uma certeza e o advérbio de intensidade aqui empregado tem a ver com a dúvida que sempre existe quando se monta uma nova equipe. Por mais improvável que pareça, pode não dar liga. Há circunstâncias como a idade de Sergio Ramos ou a pouca experiência do técnico Mauricio Pochettino em liderar uma equipe de estrelas.

Messi foi recepcionado por torcedores do PSG no Parque dos Príncipes
Messi foi recepcionado por torcedores do PSG no Parque dos Príncipes - Gao Jing/Xinhua

A França sempre se lembrará de quando o empresário Jean Luc Lagardère convenceu a empresa da qual havia sido CEO, a fábrica de automóveis Matra, a comprar a massa falida do Racing, de Paris. Apaixonado por corridas de cavalos, decidiu investir também em futebol, com o plano de transformar o campeão francês de 1936 em potência da Europa.

O Matra Racing contratou Enzo Francescoli, campeão da Libertadores pelo River Plate, Rubén Paz, uruguaio que brilhou no Internacional, Pierre Littbarski, duas vezes finalista da Copa do Mundo pela Alemanha, Luis Fernández, autor do gol na disputa por pênaltis que eliminou o Brasil do Mundial do México, em 1986.

Assim que o Porto derrotou o Bayern, na final da Copa dos Campeões de 1987, em Viena, o Matra Racing levou o técnico vencedor, Artur Jorge. Mais incrível do que o projeto ter sucumbido no quarto ano é a lembrança de que o treinador português só ganhou o Campeonato Francês em 1994, e pelo Paris Saint-Germain.

Aos 34 anos, Messi muda a geografia da Champions League. Desde a Internazionale dirigida pelo português José Mourinho, com 11 estrangeiros escalados, podíamos cravar que o campeão da Europa seria o Barcelona, o Real Madrid, ou Bayern ou um time inglês.

Lionel Messi durante a sua primeira coletiva de imprensa oficial como jogador do Paris Saint-Germain
Lionel Messi durante a sua primeira coletiva de imprensa oficial como jogador do Paris Saint-Germain - Sarah Meyssonnier/Reuters

O Barça passou a ser um vencedor improvável, o Real Madrid diminuiu seus investimentos, a lista de ingleses trocou Manchester United por Manchester City, e agora existe a inclusão de um francês... ops, de um time do Qatar, com sede em Paris.

O mesmo caso do City, clube dos Emirados Árabes, com sede na Inglaterra.

Assim como o caso Bosman mudou o futebol com o fim do limite de estrangeiros, City e PSG podem ter equipes luminosas, mas que ajudem a levar o futebol para um período de muita desigualdade.

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