PVC

Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

PVC
Descrição de chapéu Tóquio 2020

Artilheiro do ciclo, Matheus Cunha sai das Olimpíadas com mais chances de jogar a Copa

Atacante tem a seu favor o fato de ter sido decisivo em momentos chave da campanha olímpica

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O gol não é um detalhe. Porque, afinal, é o que diferencia a vitória da derrota. E pensar que o Brasil passou 120 minutos de superioridade sobre o México sem conseguir marcar na semifinal, e o jogo todo contra o Egito, para marcar uma só vez nas quartas de final.

A Espanha teve mais posse de bola do que todos os seus rivais, mas só venceu um deles no tempo normal, a Austrália. Não transformou a pressão em número de gols, apenas em posse de bola.

O gol não é um detalhe, mas a frase que diz o oposto serve para ironizar Carlos Alberto Parreira há quase três décadas. “Eu assino embaixo até hoje: é um detalhe”, diz Parreira.

O técnico tetracampeão mundial conta que soltou a célebre frase depois de um empate por 1 a 1 em amistoso contra o México, em Maceió, em 1993. A seleção finalizou 17 vezes, contra oito dos mexicanos.

Questionado sobre a razão de não ter transformado os chutes em gols, Parreira respondeu: “Às vezes é um detalhe na maneira de bater na bola”. No dia seguinte ao amistoso, Matinas Suzuki Jr. escreveu nesta Folha que Parreira tinha medo de ser feliz. Alberto Helena Jr. confessou que sua paciência tinha se esgotado. A definição do treinador entrava no folclore.

Foi por detalhe que a bola de Richarlison desviou no pé do goleiro espanhol Unai Simón, de 1,90 m, mas certamente foi também porque o arqueiro do Athletic Bilbao fechou o ângulo, e Richarlison não levantou a cabeça para notar o posicionamento. Por outro lado, não foi por detalhe que Matheus Cunha driblou o zagueiro Pau Torres com uma matada no peito –e Torres desabou em sua própria falha.

Se o Brasil perdesse as Olimpíadas não seria por detalhe. Não há projeto do futebol brasileiro, não existe comprometimento com a seleção, porque os clubes se incomodam –com razão– pelo fato de ficarem sem os craques pelos quais pagam caro, por longos períodos.

Por outro lado, os jogadores fizeram força para estarem em Tóquio. Malcom, autor do gol da medalha de ouro, só jogou no Japão porque insistiu para que o Zenit (RUS) o liberasse. O mesmo aconteceu com Douglas Luiz, do Aston Villa (ING), com Richarlison, do Everton (ING), com Matheus Cunha, do Hertha (ALE).

Malcom comemora o gol da vitória brasileira sobre a Espanha na final olímpica
Malcom comemora o gol da vitória brasileira sobre a Espanha na final olímpica - Jia Haocheng/Xinhua

Artilheiro do ciclo olímpico com 20 gols em 18 partidas, Cunha sai com mais chances de disputar a Copa do Mundo do que possuía antes de Tóquio. Pedro pode ter as mesmas oportunidades, mas Matheus tem a seu favor o fato de ter sido decisivo em momentos chave da campanha, como no gol da vitória sobre o Egito, nas quartas de final.

O Brasil entra no seleto grupo dos bicampeões olímpicos consecutivos, junto com Grã Bretanha, Uruguai, Hungria e Argentina. Não é fundamental ganhar o tri, algo que ninguém nunca conseguiu de forma seguida, mas é essencial que se chegue a um consenso sobre a participação do Brasil em torneios internacionais.

Se é para jogar, é para ser bem representado. Passou do tempo de o calendário permitir a convivência entre clubes e seleções. Quando tem jogo do Brasil, clube não joga –e vice-versa. Como acontece na Europa há 25 anos.

O Brasil soube vencer a pressão da Espanha, jogou nas costas dos laterais e fez o gol com Malcom. Pela segunda vez, houve desvio no pé de Simón, mas, diferentemente do lance de Richarlison, estufou a rede.

Malcom foi comprado pelo Barcelona em 2018 por 41 milhões de euros e vendido um ano depois por 40 milhões de euros. O Barça perdeu um milhão nos negócios. Uma miudeza que explica, em parte, porque Messi, também bicampeão olímpico, terá de sair da Catalunha, embora quisesse permanecer no Barcelona. A bola não entra por acaso.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.