PVC

Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

PVC
Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Vivemos 'Meia-Noite em Paris' no futebol brasileiro

Nostalgia é constante no ser humano, mas há o que celebrar no momento atual

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Fluminense 5 x 3 Atlético-MG foi a melhor partida do Brasileiro até a 12ª rodada. Terminado o jogo, o zagueiro tricolor David Braz comentou ter assistido a um debate do "Seleção SporTV" sobre o nível do campeonato e lamentou os comentaristas julgarem baixo o índice técnico.

"Jogadores e técnicos estamos fazendo o máximo possível para mostrar que ainda temos o melhor futebol do mundo. Não se pode generalizar quando há uma partida ruim."

Nem tão otimista como David Braz, nem tão ranzinza como nós, comentaristas.

O Brasileiro começa com a tabela mais achatada dos últimos anos, o líder com menor número de pontos e a melhor média de público em dez anos. Se os jogos são assim tão ruins, por que razão as arquibancadas recebem mais gente do que antes?

Há um monte de coisas misturadas, mas ninguém sai de casa, num inverno rigoroso, com gente dizendo que os estádios estão elitizados, para ver futebol de baixa qualidade.

Jogadores do Fluminense comemoram um dos oito gols naquela que foi, até a 12ª rodada, a melhor partida do Campeonato Brasileiro - Sergio Moraes - 9.jun.22/Reuters

O Campeonato Brasileiro está longe de ser a Premier League –e poderá se aproximar, se a liga sair do papel. Por outro lado, faz décadas que as mesas redondas são uma espécie de "Meia-Noite em Paris", filme de Woody Allen, em que o personagem de Owen Wilson volta à Paris da década de 1920 e percebe como, até mesmo no que lhe parece o período mais perfeito da humanidade, havia nostalgia do passado.

A primeira vez que ouvi a expressão "o futebol está nivelado por baixo" foi quando Bangu e Coritiba decidiram o Brasileiro de 1985. Muitos anos depois, ao folhear a coleção da revista Placar, uma edição de outubro de 1982 saltou aos olhos. Numa enquete sobre quem ganharia o Paulista, um dos participantes escreveu: "Vai ganhar o Corinthians, porque o campeonato está nivelado por baixo". Ora, estavam na disputa Sócrates, Casagrande, Zenon e Wladimir contra Waldir Peres, Oscar, Darío Pereyra, Serginho e Mário Sérgio, meses depois da derrota da encantadora seleção de Telê Santana para a Itália.

Não, o Brasileiro não é o melhor campeonato do mundo, e é necessário trabalhar um monte de fatores para melhorá-lo. Aumentar o tempo de permanência de treinadores, estabilizar elencos, melhorar gramados, diminuir o êxodo.

Por outro lado, vai fazer 20 anos o campeonato por pontos corridos, e quem viu a primeira disputa, em 2003, há de se recordar que nenhum time era elogiado, exceto o Cruzeiro de Alex e Vanderlei Luxemburgo.

É um delicioso exercício comparar o que se viu com a magia de um menino de dez anos ao que se vê na maturidade dos 50. Há quatro décadas e meia, eu nunca tinha visto nada igual ao Santos de Nílton Batata, Juary e João Paulo. Deixando o olhar ingênuo mandar, nunca houve um centroavante tão rápido e brilhante quanto Juary, campeão europeu pelo Porto em 1987 e paulista pelos Meninos da Vila de 1978.

Quem voltar àquele tempo vai saber que já havia nostalgia, como o personagem de Owen Wilson encontrou na Paris dos anos 1920.

O Santos que levou o Paulista de 1978, concluído em 1979; no olhar ingênuo, nunca houve um centroavante tão rápido e brilhante quanto Juary - Acrvo - 20.jun.79/Folhapress

Obrigado, Tostão! Obrigado, Juca!

Minha gratidão pelo prefácio de Tostão e pelos elogios de Juca Kfouri ao meu livro recém-lançado pela Letras do Brasil: "Cinco Estrelas – a Conquista do Penta".

A única seleção da história a vencer todos os sete jogos para ser campeã mundial poderia servir para diminuir uma velha pergunta: "Você prefere perder como em 1982 ou ganhar como em 1994?". Ora, num país que foi tri e penta vencendo todas as partidas e com o melhor ataque, esse é um falso dilema.

Na época do penta, e na do tri, também havia jogo ruim.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.