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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Receita do Palmeiras foi ser mortal fora de casa

Time de Abel Ferreira subverte a lógica com invencibilidade longe do Allianz

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Abel Ferreira durante partida pelo Campeonato Brasileiro, no Allianz Parque Amanda Perobelli - 5.jun.22/Reuters

Abel Ferreira convocou os líderes do elenco para uma reunião, antes de o Brasileirão começar. Queria entender de jogadores, que já haviam vencido o campeonato, qual seria a receita certa para vencer: "Ser a melhor equipe como mandante".

Escutou esta frase, estreou com derrota no Allianz Parque para o Ceará e chegou ao troféu sem perder nenhuma vez como visitante. Tirando os seis campeões invictos do Brasileirão unificado, nunca houve um vencedor sem derrotas fora de casa.

O Palmeiras é o primeiro.

Endrick, 16 anos, celebra seu gol que virou o jogo contra o Athletico Parananense, pelo Brasileirão - Rodolfo Buhrer - 25.out.22/Reuters

Abel ganha o Brasileiro no mesmo dia 2 de novembro em que chegou ao clube, em 2020.

Abel Ferreira conta em seu livro "Cabeça Fria, Coração Quente" que chegou em novembro de 2020 curioso para entender por que o Palmeiras perdia mais pontos no Allianz Parque do que quando viajava. O elenco apontou a grama seca como motivo. A irrigação antes dos jogos melhorou, o desempenho também.

Também o intrigava a razão de os times do Brasil variarem tanto o desempenho como mandantes ou visitantes. A questão só podia ser psicológica. Este Palmeiras tem cabeça fria, esteja em que estádio estiver.

Quatro vitórias foram de virada e o número não é maior porque não sofreu gols em 18 partidas, metade da campanha. Contra o Athletico-PR, a equipe completou um turno sem perder e, se concluir a temporada invicto, igualará o feito de 2018, quando ficou 23 jogos sem derrotas, a partir da 17ª rodada.

A força vem de um longo processo de reconstrução, que se percebe em detalhes. Há dez anos, o clube caía para a Série B. Sua Academia, como se chama o centro de treinamento na Barra Funda, estava sucateada. Por herança do pensamento de Mustafá Contursi, o elenco se concentrava em hotéis e não tinha alojamento e refeitórios dentro do CT. Em vez deles, um ginásio sem função.

No mesmo lugar, hoje há um magnífico centro de convivência, hospedagem e treinos. Até a rouparia é um símbolo, por levar o nome de José Panzarotti, roupeiro da equipe de Edmundo e Evair, bicampeã em 1993 e 1994. Parece pouco, mas este respeito é o início do sucesso.

Cada habitante da Academia entende seu valor.

Há muita coisa ainda por fazer. O Palmeiras precisa criar novas receitas e o desprezo da gestão atual pelo marketing profissional é um risco para esse crescimento. Não apostar nos profissionais é a maior arapuca em que Leila Pereira pode cair. A primeira mulher presidente a ganhar o Brasileirão.

Há tempo para acertar este passo.

Por outro lado, o seríssimo trabalho das divisões de base faz brotarem craques jovens, como Garcia, Vanderlan, Fabinho, Giovani, Wesley, Endrick. O futuro está aí.

Talvez o grande reforço para a próxima temporada seja o garoto, recém-transformado em mais jovem a fazer um gol pelo Palmeiras, recorde que pertencia a Heitor Marcelino, havia 106 anos.

Endrick pode ser o Gabigol vestido de verde, no sentido de inventar jogadas inesperadas, o que pareceu ser uma vantagem rubro-negra sobre os palmeirenses nos últimos anos. O Palmeiras é o conjunto, o Flamengo tinha mais individualidades.

Será difícil bater o time de Abel Ferreira se mantiver o sentido coletivo e tiver mais inventores de gols surpreendentes.

Na era dos títulos unificados, a polêmica é se deve-se chamar o 11º troféu de undeca ou hendeca, dependendo da raiz latina ou grega da palavra.

A torcida que canta "Libertadores eu sou Tri, Brasileirão vou nem falar", desde a terceira conquista sul-americana, pode mudar a segunda frase para "Brasileirão sei nem falar."

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