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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Libertadores

Final da Libertadores em jogo único deve ser debatida, mas com outro argumento

Festa da Copa do Brasil foi muito mais bela do que aquela que se verá em Guayaquil

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O noticiário dá conta de que há risco de assaltos para jornalistas que trabalham em torno ao estádio Monumental de Guayaquil, e essa é uma das críticas para a realização da final única da Libertadores, no Equador. A contabilidade indica 200 homicídios nos últimos 60 dias no país.

Merece debate se a final deve voltar a ter dois jogos, mas o argumento precisa ser outro. O estado do Rio de Janeiro registrou o menor índice de homicídios em 31 anos. Foram 1994 em oito meses. Se os equatorianos sofrem com cem assassinatos a cada 30 dias, os fluminenses têm 250 no mesmo período.

Por vezes, nós brasileiros julgamos estar em Munique. Final no Maracanã e no Morumbi, na República das Milícias ou em Paraisópolis, isso pode.

Em Guayaquil, não pode.

Apesar do argumento frágil, é mesmo de se ponderar que a festa das finais da Copa do Brasil, ida na Neo Química Arena, volta no Maracanã, foi muito mais bela do que provavelmente se verá no estádio Monumental. A Conmebol projeta 40 mil espectadores, e pode haver bem menos do que isso.

Policiais organizam operação em torno do estádio Monumental, que receberá a final da Copa Libertadores no próximo final de semana - Geraldo Menoscal - 25.out.22/AFP

Não é fácil deslocar-se pela América do Sul, diferentemente do que acontece na Europa da Liga dos Campeões. Há diferenças na quantidade e nos preços dos voos, também no poder aquisitivo da população.

A economia não está bombando.

Tanto quanto quem circula em torno do palco da final, Flamengo e Athletico precisam de atenção. Os titulares de Dorival Júnior não venceram nenhum de seus últimos quatro jogos, derrota para o Fluminense, empates com o Internacional e, duas vezes, com o Corinthians.

A maior torcida do país é tão particular que reclamava da escalação de reservas, há 40 dias, e protestou contra a utilização de titulares, contra o Santos.

Há explicações.

Antes, a tentativa de perseguir o Palmeiras, ao escalar reservas no Allianz Parque e contra o Ceará. Agora, o medo de machucar os principais jogadores a quatro dias da final da Libertadores. Também passa pela esquizofrenia deste país, em que Dorival Júnior tem chance de ir para a seleção se ganhar os dois mata-matas ou de ser demitido do Flamengo se perder a final de sábado (29).

O Athletico jogou nove vezes e só venceu duas desde o empate com o Palmeiras que o classificou para a finalíssima. Isso pode indicar chances mínimas contra o melhor elenco da América do Sul, ou falta de concentração no Brasileiro enquanto se prepara para o jogo da vida de quem habita a Arena da Baixada.

Felipão não aceitará o descaso como resposta, no que pode ser o último ato de sua estupenda carreira.

Desde que desceu a serra de Caxias do Sul, para assumir o Grêmio, a bordo de seu Fusca verde, em 1987, até se tornar um dos três únicos técnicos a disputar três semifinais de Copa do Mundo, Felipão nunca aceitou o não como resposta.

O acordo é para que se torne diretor esportivo em 2023. Na prática, a final contra o Flamengo será seu último ato e pode levá-lo à terceira taça da Libertadores, inédita entre treinadores do Brasil.

Na esquizofrenia do Brasil, Dorival Júnior pode ir à seleção em caso de vitória ou ser demitido com derrota na final da Libertadores - Sergio Moraes - 19.out.22/Reuters

O favorito é o Flamengo, pela capacidade de surpreender em tabelas de Gabigol, Pedro, Éverton Ribeiro e De Arrascaeta. Apenas não despreze as chances do rubro-negro paranaense, nem a pressão de Mario Celso Petraglia.

Ele sempre diz à Conmebol que seu clube foi roubado em 2005. Era ida e volta, mas o Furacão teve de jogar em Porto Alegre, por não ter 40 mil lugares em sua Arena.

Tão discutível quanto as finais em jogo único.

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