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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Libertadores

Libertadores aponta uma disputa entre cofres e cérebros

Times brasileiros apostam em contratações; River Plate, em estruturar grande equipe

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Os programas de televisão da Argentina e do Chile debateram e entrevistaram jogadores nos últimos dois meses. A conversa era sobre haver ou não chance de acabar com a hegemonia brasileira na Libertadores, com quatro conquistas consecutivas.

"É claro que sim", disse o centroavante Paolo Guerrero.

Autor do gol do título mundial do Corinthians, em 2012, o atacante peruano estava no Racing, pouco antes de se transferir para a LDU, do Equador.

A declaração de Guerrero se soma à contratação de Cavani pelo Boca Juniors e, principalmente, às atuações exuberantes do River Plate, campeão argentino, com 15 vitórias consecutivas em seu estádio, o reformado Monumental de Núñez.

O River Plate vem tendo grandes atuações - Juan Mabromata - 1º.ago.23/AFP

Desde a transformação do palco no de maior capacidade da América do Sul, o River tem 63 mil pessoas por jogo, a maior média da Libertadores, maior do que a do Maracanã em partidas do Flamengo, com 58 mil.

Os argentinos confiam na tática contra o dinheiro.

O Brasil tem apostado na montagem dos elencos mais multinacionais do torneio, mais do que na consolidação de ideias e estratégias. Abel Ferreira tocou nesse ponto na entrevista coletiva depois da vitória sobre o Atlético-MG.

Ao ser elogiado, afirmou: "Se eu pudesse me multiplicar, um de mim seria campeão brasileiro, e outro seria rebaixado".

A simbologia é a de que os trabalhos não devem ser necessariamente abortados quando os resultados rareiam, se há alguém capaz de dizer que se vai chegar longe. O River Plate teve Marcelo Gallardo como técnico por oito anos, período em que venceu a Libertadores duas vezes e não conquistou o Campeonato Argentino.

Notável também perceber a diferença de formação de treinadores dos clubes sul-americanos em comparação com os brasileiros. Dos campeões mundiais de 2002, só Rogério Ceni é técnico. Ricardinho tentou e preferiu seguir como comentarista. Belletti hoje está nas divisões de base do Barcelona.

Dos discípulos de Marcelo Bielsa, técnico da Argentina na Copa do Mundo da Ásia, tornaram-se técnicos de diferentes correntes: Marcelo Gallardo, Diego Simeone, Mauricio Pocchettino, Hernán Crespo, Matías Almeida, Gabriel Heinze, José Antonio Chamot, Lucho González, Lionel Scaloni e seu auxiliar, Pablo Aimar.

Martin Demichelis só estreou como zagueiro da seleção depois da saída de Bielsa, mas também bebeu de sua fonte e na de Manuel Pellegrini, chileno, campeão inglês pelo Manchester City, argentino por River e San Lorenzo.

Sem dinheiro para segurar seus craques com destino à Europa e seus jogadores médios que vêm ao Brasil, os argentinos apostam em conceitos. O River Plate mandou na partida contra o Internacional por 90 minutos, embora só tenha virado o marcador aos 30 da segunda etapa.

Aqui, o Atlético troca Coudet por Felipão, e o Internacional demite Mano Menezes para contratar Coudet. É como trocar água por azeite e tentar matar a sede. Depois das mudanças, o Inter acumula seis partidas sem vencer, e o Galo não ganha há dez, sua pior série em 31 anos.

Felipão escala Saravia e Zaracho, Coudet conta com Bustos e Mercado, todos argentinos. Se houvesse mais dinheiro em Buenos Aires, estariam no Boca, no River ou no Racing, disputando as finais da Libertadores.

O argentino Renzo Saravia é titular do Atlético Mineiro - Rafael Costa - 2.ago.23/AFP

Não está claro se os argentinos confirmarão a frase de Paolo Guerrero e quebrarão a hegemonia do Brasil. Mais evidente é que apostamos nas contratações para montar grandes elencos, enquanto o River Plate aposta em estruturar uma grande equipe.

A Libertadores aponta uma disputa entre os cofres e os cérebros.

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