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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Libertadores

Libertadores não é parâmetro, como bem mostra o Mundial de Clubes

E há um novo clichê a derrubar, 'Champions League é outro esporte'; não é!

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Há quase 20 anos uma frase se repete nos debates sobre futebol: "Estadual não é parâmetro". A tese era reforçada pelas dez primeiras edições do Brasileiro por pontos corridos. Só três campeões de seus estados foram campeões nacionais —Cruzeiro (2003), Flamengo (2009) e Fluminense (2012).

Contraste com os últimos dez anos, em que seis vezes o melhor time do Brasil foi também o ganhador em sua terra natal: Cruzeiro (2014), Corinthians (2017), Flamengo (2019/2020), Atlético-MG (2021), Palmeiras (2022).

É sempre melhor ser campeão, razão pela qual Palmeiras, Flamengo, Fluminense, Grêmio e Atlético-MG não têm de se recusar a ganhar as finais, que começam neste fim de semana. Isso não tirará a possibilidade de vencer o Brasileiro depois.

Lance de Fluminense 1 x 0 Flamengo, pelo Campeonato Carioca de 2023 - Marcelo Gonçalves - 8.mar.23/FFC

Dos cinco finalistas listados, o Grêmio parece ser o mais distante de ser campeão em dezembro, o Fluminense está em plena evolução e o trio Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras é candidato em todos os torneios.

Mudou. Estadual não é parâmetro. E a Copa do Brasil é?

O Palmeiras de 2020 e o Flamengo de 2022 ganharam o mata-mata nacional no mesmo ano em que conquistaram a Libertadores, e o Atlético venceu o Brasileiro e a Copa do Brasil na mesma temporada de 2021. Neste caso, a conclusão é que o parâmetro é econômico.

Hulk com a taça da Copa do Brasil de 2021 - Robson Mafra/Agif

Os times de maior investimento têm sido os mais vencedores, e isso vale para a hegemonia brasileira na América do Sul.

"A vantagem é técnica, porém o aspecto financeiro é muito importante. Lembro-me da semifinal contra o Flamengo, em que eles estrearam dois jogadores e nós não podíamos contratar ninguém", lembra-se o técnico argentino Fabián Bustos, do Barcelona de Guayaquil.

Refere-se às chegadas de David Luiz e Andreas Pereira, nas semifinais de 2021, contra o Barça equatoriano. Desde que a Libertadores começou a ser disputada pelo ano inteiro, só brasileiros, argentinos e o Barcelona conseguiram ficar entre os quatro melhores.

Engana-se quem pensa que a supremacia do Brasil é técnica ou tática. O dinheiro permite repatriar jogadores especiais, como Éverton Cebolinha, ter jogadores de Copa do Mundo, como De Arrascaeta e Wéverton, e manter elencos por períodos mais longos do que ocorria no passado.

O Palmeiras perdeu Danilo e Scarpa, o Atlético deixou saírem Nacho e Jair, o Flamengo manteve todos os titulares, menos Rodinei. Era diferente quando o Cruzeiro de Alex sabia que venderia sua estrela no ano seguinte ou o Corinthians perdia seis titulares campeões em 2015 em janeiro do ano seguinte.

É difícil saber se os grandes times do Brasil perdem menos jogadores porque revelam menos gênios ou se isso acontece pela força financeira, pelo menos dos mais estruturados.

Parece haver uma mistura dos dois fatores.

O dinheiro atual é suficiente para começar a Libertadores mesmo no meio das finais estaduais, sabendo que o sucesso em uma competição não estará relacionado ao fracasso em outra. O estadual é indiferente.

O planejamento é que faz diferença.

Na contramão do oba-oba com a atual soberania das equipes nacionais na América do Sul (desde 2019 a taça não sai do Brasil), o Mundial de Clubes tem mostrado que Libertadores não é parâmetro.

Com seleções não é muito diferente. Em 1957, a Argentina ganhou seu 11º Campeonato Sul-Americano (a atual Copa América). Era soberana no continente e se julgava favorita para a Copa da Suécia, em 1958. Foi eliminada na fase de grupos na goleada de 6 x 1 ante a Tchecoslováquia.

O projeto agora é acabar com outro clichê, mais recente do que aquele que diz que "estadual não é parâmetro". O lugar-comum a derrubar é: "Champions League é outro esporte". Não é.

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