Raquel Landim

Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

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Raquel Landim
Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Mercado pode não se importar, mas os malucos do time de Bolsonaro não são inofensivos

Se dá para entender a reação dos investidores, não dá para concordar

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Sempre vão existir figuras folclóricas em todos os governos. O sistema democrático não está imune a escolha de pessoas verborrágicas, despreparadas e com bandeiras equivocadas.

O que impressiona na administração de Jair Bolsonaro (PSL) é a profusão deles em cargos estratégicos, escolhidos para agradar a uma direita atrasada que dá suporte ao presidente e de cujas ideias ele e seus filhos comungam.

Ricardo Vélez, Ernesto Araújo e Damares Alves se encaixam perfeitamente na descrição acima. O problema é que comandam áreas vitais para o país como educação, política externa e direitos humanos.

Mesmo antes do Carnaval —dizem que no Brasil o ano só começa na próxima quarta-feira—, os três já provocaram todo tipo de confusão, com a ajuda, claro, dos filhos do presidente, que têm enorme poder, embora não façam parte do governo.

A última polêmica foi do ministro Vélez com sua patacoada nacionalista, “sugerindo” aos diretores das escolas que gravassem crianças entoando o slogan do governo. Dias antes, tinha sido a vez do chanceler seguir para a fronteira com a Venezuela, a fim de servir de mensageiro de Donald Trump.

Investidores e empresários seguem ignorando tudo isso, animados com a proposta de reforma da Previdência do ministro da Economia, Paulo Guedes, e confiando no bom senso dos generais que hoje tutelam o governo.

Até dá para entender o chamado mercado: a crise é tão feia que todo o demais fica em segundo plano.

Depois de três anos de recessão, a atividade econômica teima em patinar. No ano passado, o PIB repetiu o pífio desempenho de 2017 e subiu perto de 1% —ou seja, praticamente nada.

“Desde a campanha eleitoral, venho observando essa reação. Hoje o bom governo é aquele que gerencia bem a economia. O resto —política social, educação, saúde, política externa— parece dispensável”, constata o cientista político Jairo Nicolau.

A questão, alerta o professor da UERJ, é que se dá para entender a reação dos investidores, não dá para concordar. Bastava um miliciano descontrolado cruzar a fronteira com o Brasil atirando para nos colocar numa situação muitíssimo delicada. Não se brinca com política externa.

Por natureza da sua atividade, o mercado também só enxerga o curto prazo. No médio e longo prazos, não há nada mais importante para o desenvolvimento econômico do que a educação. Enquanto Vélez combate seus inimigos imaginários, perdemos tempo precioso que poderia ser usado para melhorar a qualidade sofrível de nossas escolas públicas. 

O mercado pode até não se importar, mas os malucos do time de Bolsonaro estão longe de serem inofensivos. A sociedade brasileira não deveria se esquecer disso e não deveria tolerar tamanhos desmandos.

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