Renata Mendonça

Jornalista, comenta na Globo e é cofundadora do Dibradoras, canal sobre mulheres no esporte.

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Renata Mendonça
Descrição de chapéu Seleção Brasileira

Pia faz diferença abismal para seleção feminina

Nova treinadora muda Brasil dentro e fora de Campo

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É comum ouvirmos que técnico precisa de tempo de trabalho antes de apresentar qualquer resultado. Na maioria das vezes, isso é indiscutível. Mas tem alguns que superam até as premissas mais óbvias do futebol.

É o caso da treinadora Pia Sundhage na seleção feminina. Ela foi anunciada há um mês e meio, teve sua estreia há três semanas, esteve à frente do time em apenas dois jogos e, ainda assim, a diferença que ela fez dentro e fora de campo é abismal. 

Talvez a seleção estivesse tão sedenta por mudanças —já que estava desde 2014, com exceção de um breve intervalo de dez meses, sob o comando das mesmas pessoas e das mesmas ideias (retrógradas) de futebol—, que logo no primeiro jogo apresentou mudanças táticas e de postura em campo nítidas.

Pia Sundhage durante partida da seleção brasileira contra a Argentina, durante torneio amistoso de futebol feminino realizado no Pacaembu
Pia Sundhage durante partida da seleção brasileira contra a Argentina, durante torneio amistoso de futebol feminino realizado no Pacaembu - NELSON ALMEIDA - 29.ago.2019/AFP

Infelizmente, o futebol feminino não tem tantos monitoramentos e divulgação de dados da partida quanto o masculino, mas é só olhar o que era o meio-campo do Brasil na Copa (não era) e o que foi o meio-campo do Brasil com Pia na estreia diante da Argentina. Linhas compactas, jogadoras mais próximas umas das outras, uma ocupação de espaço completamente diferente - e que fez a diferença para a vitória por 5 a 0. 
É claro que o grande teste virá agora, diante de uma seleção forte que chegou às semifinais da Copa nas últimas duas edições e tem algumas das melhores jogadoras do mundo --como Lucy Bronze, entre as três indicadas ao prêmio da Fifa neste ano.

Os amistosos de 5 e 8 de outubro contra Inglaterra e Polônia poderão dizer qual o tamanho da missão de Pia até a Olimpíada de 2020 (e para além disso também). 

Mas quando a gente fala do impacto que a sueca tem causado desde que chegou ao Brasil, não é só sobre o que vemos em campo. 

A principal mudança que a técnica bicampeã olímpica começa a trazer para o futebol feminino por aqui acontece fora dele. A começar pela transformação nas jogadoras, na comissão técnica e na CBF como um todo. 

"Quando eu cheguei, a CBF tinha apenas uma mulher (Bia Vaz, assistente técnica). E um monte de homens. Eu olhei aquilo e pensei na hora: temos que fazer algo sobre isso. Na segunda vez que vim, para a convocação, já tinham mais quatro mulheres nas comissões técnicas do futebol feminino. Então não é sobre mim. É sobre o que eu represento", disse Pia.

Nesse sentido, é curioso também observar que, no Brasil, Pia já virou uma celebridade. Por onde ela passa, há meninos, meninas, adultos, gente de todos os tipos pedindo selfie. 

Na Granja Comary, em um treino da seleção feminina sub-20 em que a sueca apareceu apenas no canto, para observar, alguns garotos participaram da atividade para completar os times no treinamento. Assim que eles foram liberados, foram até Pia e pediram uma foto.

"Eu amo selfies. Se as pessoas tiram fotos minhas, é porque reconhecem o futebol feminino. Elas não tiram fotos de mim, tiram fotos do futebol feminino", diz ela. 

Mas o maior impacto que a técnica bicampeã olímpica traz fica evidente quando se conversa com as atletas. 

"Ela cobrou coisas da gente que faltavam ser cobradas. Com isso, a gente fica com pé atrás de não voltar na próxima convocação, porque tem que fazer o que ela pede. Pia é muito exigente, e isso é muito bom porque eleva o nível da seleção", afirmou Andressa Alves.

A conclusão não poderia ser outra: mandem as mulheres para Pia!

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