São Paulo e Palmeiras decidirão o título do Campeonato Paulista de 2022. Uma final idêntica à de 2021 e, ao mesmo tempo, muito diferente.
Na do ano passado, o favoritismo pendia um pouco (nem tanto, mas um pouco) para o São Paulo pela campanha irretocável que fez na primeira fase e pelo momento da equipe muito bem encaixada na forma de jogar de Hernán Crespo. Do outro lado, o Palmeiras vinha de um período extremamente desgastante, incluindo a viagem para o Mundial e nenhum tempo para respirar entre o fim de uma temporada e o início de outra.
Mas em 2022 a realidade é outra. Desde a final da Libertadores de 2021, o Palmeiras fez o seu planejamento para chegar a seu auge físico já em fevereiro para o Mundial. O time fez uma boa participação lá, competiu bem com o Chelsea (perdeu na prorrogação) e voltou ainda mais forte para a temporada.
O São Paulo, por sua vez, começou 2022 titubeante. Já havia terminado 2021 de maneira melancólica, sem que Rogério Ceni tivesse conseguido encaixar o time, que lutou para não cair no Brasileiro. Mas a decisão de manter o ídolo no cargo foi acertada.
E, no imediatismo do futebol brasileiro, seria fácil mudar de ideia já no início ruim de Campeonato Paulista, em que o São Paulo, inclusive, viu-se fora da zona de classificação para as quartas de final no seu grupo. Mesmo com os reforços, o time demorou a engrenar.
O São Paulo que terminou 2021 com o pior ataque de sua história na era dos pontos corridos do Brasileiro chega à final do Paulistão com o melhor ataque da competição (24 gols marcados). Claro que estadual não é termômetro do que vai acontecer na temporada –vide o que aconteceu com o São Paulo no ano passado–, mas quem viu os primeiros jogos do time de Rogério Ceni no Paulista e viu os últimos percebe a clara evolução.
O Palmeiras de 2021 teve uma reclamação forte do técnico Abel Ferreira pela quantidade de gols sofridos no Brasileiro (foi a sexta pior defesa, com 43 gols tomados). "Não posso entrar em campo e sofrer gol da forma que estamos a sofrer. É falta de compromisso coletivo defensivo", disse, ainda na 23ª rodada. Em 2022, no Paulistão, o Palmeiras tem a menor média de gols sofridos da história da competição. A defesa da equipe comandada por Abel só foi vazada quatro vezes em 14 jogos.
Será o confronto do melhor ataque contra a melhor defesa do Paulista e também de dois times que aprenderam a usar muito bem a sua base.
Essa era tão vitoriosa do Palmeiras teve a participação direta das crias da Academia. Patrick de Paula, Gabriel Menino e Wesley foram alguns que se destacaram. No time atual, Danilo é peça essencial para o esquema de Abel Ferreira, meio-campista que marca, desarma, constrói, dá passes decisivos e até faz gol.
No São Paulo, as principais campanhas do time nos últimos anos tiveram meninos de Cotia como protagonistas. Em 2020, quando o clube brigou pelo título brasileiro, Brenner era artilheiro, Gabriel Sara despontou como grande promessa. Em 2021, o time campeão paulista teve gol de Luan ajudando a decidir na final contra o Palmeiras. Agora, de novo, os destaques do time ainda não são os badalados reforços, mas sim os meio-campistas Pablo Maia e Rodrigo Nestor, que sustentam a dinâmica de marcação e construção do time de Rogério Ceni.
A diferença é que o Palmeiras usa a base como complemento, o São Paulo aposta nela como solução –e muitas vezes sobrecarrega os meninos com essa pressão.
Não dá para negar que o Palmeiras de Abel Ferreira (com quase um ano e meio no cargo) é um time mais maduro, cheio de variações táticas e mais pronto para conquistar o título. A final é a mesma, mas o favoritismo em 2022 mudou de lado.
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