Creio que estamos todos lembrados do estrago que o ano de 2019 provocou no prestígio da astrologia. Centenas ou milhares de astrólogos dedicados a investigar o futuro em cartas, búzios, entranhas de galinha, borras de café e no alinhamento dos planetas e nenhum foi capaz de prever que uma pandemia iria varrer a Terra.
Várias projeções, no início do ano, mas quantas indicavam que um vírus mortal iria levar ao confinamento em massa?
Zero. Ficamos todos desiludidos, até porque o fiasco permitiu que os céticos do costume insinuassem que a astrologia é prática de charlatães e que o futuro é simplesmente impossível de prever.
Mas depois chegou 2023, e de repente parece que todos temos poderes paranormais. Quando, no dia 23 de junho, Prigojin liderou uma rebelião contra Putin, pressenti imediatamente que ele morreria muito em breve e em circunstâncias trágicas. Exatamente dois meses depois, no dia 23 de agosto, um avião em que Prigojin seguia juntamente com outros operacionais do grupo Wagner caiu do céu.
Recordo que, em junho, eu não deitei as cartas nem observei as estrelas. Foi tudo sensibilidade extrassensorial. Uma sensibilidade que Prigojin, claramente, não tinha.
Ele achou mesmo que era uma boa ideia ir de Moscou para São Petersburgo de avião.
No momento em que se soube que Prigojin tinha morrido, tive outra premonição certeira. Pressenti que, um pouco por todas as redes sociais de língua portuguesa, alguém ia reparar que o nome Prigojin é parecido com a palavra perigo e seus derivados como, por exemplo, "perigosinho".
Nem cinco minutos tinham passado e já vários usuários do Twitter estavam postando que "Prigojin foi morto pelo perigosão" (22 ocorrências), "parece que andar de avião na Rússia é Prigojin" (37 ocorrências) e "acho que devia aparecer um funkeiro chamado MC Prigojin" (124 ocorrências).
Neste momento, os meus poderes mediúnicos me dizem que as autoridades russas irão levar a cabo uma investigação da queda do avião. Essa investigação revelará que Putin nada teve a ver com a morte de Prigojin.
É possível que, a certa altura, apareça um funcionário dizendo que algumas provas importantes não foram levadas em consideração. Prevejo que, duas semanas depois, esse funcionário cairá de uma janela muito alta de um prédio.
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