Ricardo Melo

Jornalista e apresentador do programa 'Contraponto' na rádio Trianon de São Paulo (AM 740), foi presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação).

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Em frangalhos, governo Bolsonaro quer levar o país junto para salvar o chefe

Acusado de crime de homicídio, com ministério esfacelado, 'presidente' só pensa em se safar da cadeia

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Não é possível dizer que há governo num país em que o presidente, quatro ministros e dezenas de apaniguados são pilhados em tantos crimes.

O relatório/diagnóstico da CPI da Covid desenhou, mesmo aos trancos e barrancos, uma trajetória de delinquência de corar malfeitores internacionais.

Discussões vernáculas ou jurídicas sobre genocídio, se importantes, não apagam a acusação de delitos de homicídio, entre outros que ferem de morte JMB (dito Bolsonaro).

O extenso documento da CPI coleciona provas irrefutáveis sobre a atuação do capitão expulso à francesa do Exército. Depoimentos, provas eletrônicas, discursos, lives e decisões compõem um conjunto de provas dificilmente refutável. Não haveria por onde escapar.

O retrato está feito. Mas os problemas mal começaram. A CPI não tem poderes para levar adiante tudo o que descobriu.

Agora começa uma via-crúcis que envolve procurador-geral, Ministério Público e outras instâncias.

Dificilmente este caminho será percorrido antes de anos e anos. O Brasil terá um "presidente" psicopata e desmoralizado pelo menos até as eleições. Uma tragédia.

O procurador-geral é um pau mandado do Planalto. Vamos combinar também que o Ministério Público, ainda mais depois do que foi revelado na Vaza Jato, tem tanta credibilidade quanto uma nota de quatro dólares.

A CPI, portanto, mostrou o quanto o mito de que as instituições estão funcionando é uma farsa sancionada pela própria Constituição.

Ela mesmo prevê que nenhum presidente pode ser punido por crimes cometidos antes do mandato, muito menos durante. Não fosse assim, JMB nem teria tomado de assalto o Planalto.

Sabidamente, JMB e família montaram um esquema de "rachadinhas" para construir sua fortuna. Roubaram adoidado. Ofenderam tudo e todos. Durante 30 anos, JMB atuou como adversário das liberdades, da democracia e de tudo que é civilizado.

Como presidente, JMB escapa de criminalização. Já as pontas que ficaram soltas, como as de seu filho Flavio, hibernam em instâncias do Judiciário sem prazo para conclusão.

A tragédia inédita da pandemia poderia ao menos ter sido reduzida se Congresso e Judiciário tomassem providências em tempo certo. O primeiro caso constatado no Brasil foi em fevereiro de 2020.

A CPI só foi criada em 13 de abril de 2021, quando os óbitos ascendiam a milhares. Durante este período, o que fizeram os parlamentares e os juízes, STF incluído?

O Executivo de JMB "fez a parte" dele: sabotou a vacinação, estimulou aglomerações, desdenhou da doença, recomendou falsos medicamentos, espalhou fake news, usou crianças em lives e nas ruas para disseminar suas teses homicidas.

Não havia nada a fazer contra um criminoso declarado? Mas as "instituições" fizeram cara de paisagem. De silêncio dos cemitérios.

Que instituições são essas que funcionam? As que produzem mais de 600 mil mortes de brasileiros?

Está tudo errado. Punir exemplarmente quem participou e dirigiu a operação, como JMB, não é apenas necessário. É imperativo. Mudar o funcionamento de tais "instituições" também é urgente, mesmo que não ressuscitem os mortos que ficaram para trás.

Banco Central tem sede na Faria Lima

As conversas relatadas por André Esteves, presidente do BTG Pactual, reveladas pelo Brasil 247 e não desmentidas pelo fantoche Roberto Campos Neto sentado na cadeira do Banco Central, chegaram com atraso à grande mídia. Antes tarde do que nunca.

Numa palestra, Esteves revelou que é consultado sobre patamar de juros. Numa nota insípida, Campos Neto disse que isso é normal. Não, não é normal. Este tipo de conversa sempre vale ouro para especuladores, como Esteves e Paulo Guedes (ambos foram sócios).

Vivemos um nível de esculhambação que mostra o tamanho da decomposição do governo.

Esteves é um banqueiro de perfil no mínimo tumultuado. Deu rasteira no antigo sócio, Luiz Cézar Fernandes, conforme noticiou-se à época. Foi preso duas vezes. Envolveu-se na salvação de Silvio Santos quando o banco do animador acusou um prejuízo de R$ 4,3 bilhões.

É cobra criada. Nunca produziu um parafuso na vida. Muito menos viu ou vê os que disputam resíduos de sobras de carne com cachorros ou alimentos vencidos em lixões.

Nem ele nem Paulo Guedes. Após arruinar a economia brasileira, Guedes agora sai por aí chamando ministros de burros, ineficientes e incapazes.

Certo que o astronauta comandante do Ministério da Ciência e Tecnologia não é nenhum gênio, longe disso –tampouco Guedes.

Marcos Pontes viajou numa missão espacial, comprovou que a Terra é redonda (se não estava cochilando) e continua num governo que acha o planeta plano.

Mas o ambiente dá ideia do esfacelamento desta gestão composta de aventureiros e oportunistas dirigida por um desequilibrado neo-fascista.

É daí para pior.

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