Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro

Bom estar de volta

Vá pra casa, Bolsonaro, ou para o raio que o parta

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Alguns leitores viram com alívio minha ausência deste espaço nos últimos dois meses. Outros, espero que em maioria, estranharam. Mirian Goldenberg perguntou em sua coluna: "Cadê o Ruy?". Arriscaram: em Búzios, de férias, na praia, abanando-se com uma "Revista do Rádio" — alheio à disparada do Brasil rumo ao fascismo, com um presidente imoral quebrando o país para comprar votos, pintando climas com refugiadas de menor, tramando tungar os aposentados e com alguns de seus seguidores falando a única língua que conhecem: a da pistola, do fuzil e da granada.

Não. Acompanhei angustiado cada passo desse descalabro, mas sem escrever. Não podia. Estava pulando fogueiras particulares: histoplasmose, pneumonia, febres, desidratação, arritmia, pressão, depressão e a súbita consciência de uma estafa pela produção de pelo menos um texto por dia, por tarefa, TODOS os dias, durante 55 anos — textos para sair amanhã, depois de amanhã ou na semana que vem. Além de pelo menos duas viagens a trabalho por mês, um ou mais livros por ano, palestras, debates, congressos, noites de autógrafos, cursos de biografia, entrevistas, lives etc. Só eu não enxergava o tamanho do desgaste.

Sérgio Dávila me deu dois meses de licença na Folha, durante os quais refleti sobre as limitações do Super-Homem. O super-herói só podia fazer aquilo tudo porque, como Clark Kent, não tinha de encarar essa maratona. Aprendi a receita, pretendo segui-la e estou de volta.

E que bom, o Brasil voltou antes. Os países também sofrem de estafa e, assim que se encerrou a apuração, sentiu-se a nação respirando de novo, livre do medo, sorridente, confiante, louca para arregaçar as mangas e botar para fora os projetos frustrados, paralisados ou arruinados há quatro anos. O Brasil se reencontrando com a vida.

É bom estar de volta e dizer: vá pra casa, Bolsonaro. Ou para o raio que o parta.

Ruy Castro na festa da editora Cia das Letras no restaurante Bendita's, em Paraty (RJ) - Marcus Leoni - 27.jul.18/Folhapress

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