Steven Spielberg e John Williams, o cineasta e o compositor, comemoraram outro dia 50 anos de amizade e uma parceria em cerca de 30 filmes desde 1974. Mas não há nada de excepcional nisso. Nos anos 70, quando Spielberg começou a trabalhar, os estúdios já tinham perdido a supremacia e todos os filmes de Hollywood se tornado produções independentes. Como Spielberg é o dono de seus filmes, pode chamar quem quiser para qualquer função. E, para a música, nunca abriu mão de John Williams.
Antes disso eram os estúdios —MGM, Paramount, Warner, 20th Century-Fox, Columbia, Universal— que dominavam Hollywood. Todo mundo que trabalhava no cinema, do mais humilde bagrinho às maiores estrelas, era empregado deles e batia ponto. Um diretor terminava um filme na sexta-feira e começava outro na segunda, com elenco e equipe escalados pelos chefões do estúdio, os únicos a saber se tal ator ou cenógrafo estava disponível. E só em raros casos um diretor podia dizer que queria trabalhar com este ou com aquele.
John Ford fez 14 filmes com John Wayne, mas só porque era John Ford. Michael Curtiz, 11 filmes com Errol Flynn porque idem. E, pelo mesmo motivo, George Cukor, nove com Katharine Hepburn; Anthony Mann, oito com James Stewart; Billy Wilder, sete com Jack Lemmon; Hitchcock, quatro com Cary Grant e também quatro com James Stewart. Eram diretores com regalias especiais no estúdio ou já estavam se tornando meio independentes.
No cinema europeu, por todo mundo ser amador, desempregado ou trabalhar por conta própria, era mais fácil. Federico Fellini teve Ennio Flaiano como roteirista em 10 filmes; Vittorio de Sica, Cesare Zavattini em 14. Jean-Luc Godard teve Raoul Coutard como fotógrafo em 12 filmes; Ingmar Bergman, Sven Nykvist em 18. Todas foram fabulosas parcerias.
Os 134 filmes de Walt Disney com Mickey Mouse não contam. Afinal, um deles era um rato.
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