Um jornal espanhol usou a expressão "as sete vidas do Real Madrid" no título de sua reportagem que explicava como, em nome dos deuses e dos demônios do futebol, o time continuava vivo na semifinal da Champions League após ser surrado em Manchester, pelo City. Surrado, mas não destruído.
Não foi o melhor jogo da temporada europeia —o melhor foi Manchester City 2 x 2 Liverpool, pela Premier League, no recente 10 de abril. Mas o City 4 x 3 Real Madrid foi o mais divertido do ano. E poderia ter sido um 6 a 2 ou até um 7 a 1, para quem gosta do placar.
O ponto é que parece que ninguém consegue matar o Real nesta temporada. Ou, quando conseguem, ele ressuscita. Em nenhum confronto de mata-mata da Champions deste ano ele foi apontado como favorito, mas está aí. Parece aquele vilão de filme de terror, de quem você corre, corre, corre e, quando olha para trás, ele está colado em você, com um machado na mão —e a cara do Benzema, no caso.
Na primeira fase da Champions, o Real já perdeu para o Sheriff, da Moldova, em plena Madri. Mas ficou em primeiro no grupo assim mesmo.
Nas oitavas de final, pegou o "pesadelo do pote 2", o Paris Saint-Germain, de Messi, Mbappé, Neymar, Donnarumma e toda aquela turminha. No jogo de ida, em Paris, só deu PSG, mas o gol da vitória foi só no final, 1 a 0. Na volta, Mbappé fez mais um gol no primeiro tempo e deixou a classificação encaminhada. Mas… o Real ressuscitou, ganhou um presente do goleiro Donnarumma, fez três gols em menos de 20 minutos e eliminou os franceses.
Quartas de final. Rival, Chelsea, o atual campeão da competição. Foi mais estranho ainda, porque o Real ganhou de 3 a 1 em Londres. Porém, na volta, em casa, conseguiu tomar três gols, quase quatro, e parecia morto, sem forças para reagir. Mas achou um golzinho safado no final do tempo normal e fez outro na prorrogação. De novo, ressuscitaram. Jogaram melhor? Não. Mas ficaram com a vaga. Benzema e seu machado.
Também teve entre uma partida de Champions e outra um confronto doméstico no Espanhol contra os coitadinhos do Barcelona, time já bem distante na luta pelo título. E o Real foi humilhado em seus domínios, perdeu por 4 a 0.
Então vem o duelo contra o Manchester City de Pep Guardiola, conhecido barcelonista que tantas vezes passou por cima do Real. E com menos de 25 minutos poderia estar 4 a 0 para o City, não fossem erros de Mahrez, um dos jogadores mais esfomeados do mundo ocidental. Em vez de 4 a 0, estava apenas 2. E o Real descontou.
Mas o City fez 3 a 1 para controlar o duelo. E o Real descontou de novo. Mas o City fez um golaço, 4 a 2, para dar uma vantagem justa. E o Real descontou mais uma vez, ressuscitou. Foi o 4 a 3 mais injusto da história dos 4 a 3 —não me lembro de muitos.
E pode um Real desses ganhar a Champions, de novo, pela 14ª vez? Pior que pode. Por quê? Tem Karim Benzema, o melhor jogador da atual temporada europeia e terror dos adversários, que correm, correm, correm, mas não se desgarram do homem (escoltado pelo fiel escudeiro Vinicius Junior).
Atualização - Round 38
Foram 13 dias sem demissão, mas o sonho acabou. Abel Braga, saído do Fluminense, é o novo desempregado entre os treinadores da Série A do Brasileiro. Agora são quatro demitidos após três rodadas (mais ou menos). Demitidos: Brasileiros 3 x 1 Estrangeiros. Sobreviventes: Brasileiros 8 x 8 Estrangeiros.
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