Quem acompanha esportes talvez ainda não tenha percebido a sorte que tem por viver nesta época. Sim, é verdade que a maioria não viu Pelé, Puskas (só sabe que é nome de prêmio?), Muhammad Ali, Maria Esther Bueno, Bill Russell, Nadia Comaneci, Bjorn Borg ou Juan Manuel Fangio.
Mas por outro lado testemunhamos na mesma época Cristiano Ronaldo, Messi, Tom Brady, Lewis Hamilton, LeBron James (mesmo eu sendo viúva do Jordan), Marta, Serena Williams, Roger Federer, Rafael Nadal e aquele moço antivacina Djocovid. Todos eles espetaculosos, às vezes no mesmo fim de semana —e isso sem contar os também recém-aposentados Michael Phelps e Usain Bolt, de esportes um pouco menos longevos.
Infelizmente, o "pra sempre sempre acaba". E quem acaba de anunciar o fim da carreira foi o brilhante suíço Roger Federer, poucos dias depois da igualmente brilhante e vencedora Serena Williams —ainda que ela continue dando sinais de que pode aparecer em mais algum torneio por aí, como em entrevista recente com Jimmy Fallon.
Ao contrário do que muita gente imaginava, Federer não vai esperar um Grand Slam para se despedir, nem o seu favorito, Wimbledon, onde ainda é o maior vencedor entre os homens na ATP, com oito conquistas. Sua última competição será a Rod Laver Cup, torneio amistoso no fim de setembro, em Londres, que tem o próprio Federer como um dos promotores —e já invejo loucamente todos os espectadores que conseguirem o tíquete.
A brincadeira da Laver Cup é colocar tenistas da Europa contra o resto do mundo. Assim, Federer formará equipe com seus queridos adversários, todos europeus: Nadal, Djokovic e Andy Murray.
Federer bateu os principais recordes do tênis masculino, mas logo depois viu seus coleguinhas tomarem alguns deles. O número de semanas como número 1 foi superado pelo moço sérvio antivacina; o número de 20 Grands Slams entre os homens também foi alcançado, tanto por Djocovid (21) quanto por Rafael Nadal (22), um de seus melhores amigos e piores rivais nas quadras. Mas ainda é do suíço o maior número de títulos em torneios de simples, 103 (toma essa, Djoko).
E nem pergunte qual dos três supertenistas foi o melhor (este guichê é fechado com o suíço), mas a elegância e o talento de Federer nas quadras foram únicos. Não só em como soltava os golpes, mas em seu comportamento —aliás, diga-se, Federer nem sempre foi esse chá de flor de maracujá; houve tempo em que o jovem usava rabinho de cavalo e xingava a mãe do juiz.
Ao longo dos anos, Federer amadureceu, e acompanhamos pela televisão sua mulher grávida, o nascimento dos quatro filhos, incluindo as gêmeas, o choro na derrota de um Grand Slam para Nadal, e as várias e divertidas entrevistas pós-vitórias.
E provavelmente nos próximos dois anos, veremos algumas outras despedidas tão marcantes para o esporte como a de Federer… quem sabe até mais uma de Serena.
Round 38 - Atualização
Esta coluna sempre fez alusão a matadora série "Round 6" para se referir a chacina de técnicos na Série A; mas em alguns casos, o melhor exemplo seria "Walking Dead", como com o professor Lisca, que acabou de morrer no Santos e já ressuscitou no Avaí, no qual deve vagar até o fim do Brasileiro.
Aliás, com a demissão de Eduardo Barroca pelo Avaí, restam apenas sete sobreviventes desde o round 1: Estrangeiros 4 x 3 Brasileiros (contando Dorival Jr., que trocou de brinquedo, mas não perdeu nenhuma rodada).
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