Sempre duvide, querido leitor, querida leitora, quando disserem que alguém ou algo é "imbrochável". Aliás, vamos trocar o termo para "não brochante", só para se aproximar um pouco mais da língua pátria, afinal, a pátria está em semana de aniversário. Haja vela.
No maravilhoso mundo do esporte, não há competição isenta de uma possível brochada, nem a tão famosa e comentada Champions League se livra de deixar os fãs na mão vez ou outra.
Antes de começar a competição deste ano, que acabou de ter a primeira rodada, algum site trouxe uma manchete que dizia algo como "veja os seis jogos imperdíveis da primeira fase da Champions". Pronto, já brochei.
A competição que é tida como a melhor do mundo tem apenas "seis jogos imperdíveis" na primeira fase? Em 48? E olha que uma das tais seis partidas para ficar de olho era Real Madrid x Red Bull Leipzig. Uooouuuu, para tudo, Real Madrid x Leipzig.
A primeira rodada passou com boa atuação de alguns brasileiros de destaque da seleção (viva, Tite), incluindo Richarlison, Vinicius Junior e o intrépido Neymar, dando passe para o gol mais bonito do primeiro dia de competição (de seu inimigo íntimo Mbappé). Até o goleiro Alisson, que será titular na Copa, pegou pênalti na brochante estreia do badalado Liverpool, que perdeu de 4.
Entre os ricos ingleses, outro jogo brochante foi o do Chelsea, campeão do mundo contra o Palmeiras, que perdeu para o Dínamo Zagreb, um dos melhores Dínamos da atualidade. Se o Palmeiras tivesse enfrentado os londrinos na semana que passou, certamente venceria. Como têm administração à la brasileira, os Blues nem esperaram para ver a segunda rodada e demitiram o técnico alemão Thomas Tuchel —que na janela de transferência recém-encerrada teria barrado a contratação de Cris Ronaldo, o que brochou o novo dono do brinquedo.
E em terras brasilis? O Palmeiras empatou na última rodada com o Red Bull Bragantino, dando a impressão de que o campeonato pegaria fogo no terço final em uma disputa com o Flamengo. Mas no dia seguinte o rubro-negro também empatou, com o Ceará, em casa. Brochante, tanto para a torcida do time do Rio (imagino) como para o campeonato, que continua com o alviverde firme e forte rumo ao título.
Até no Aberto dos EUA, último Grand Slam da temporada, ficou um climinha brochante antes das finais que ocorrerão no fim de semana. Tudo porque, no feminino, a torcida lotou a quadra nas primeiras rodadas, para ver Serena Williams em seu último torneio —infelizmente, ela foi eliminada na terceira rodada. E no masculino (sem o antivacina Novak DjoCovid), Rafael Nadal caiu prematuramente nas oitavas de final, mesma fase que derrubou o ainda número um Daniil Medvedev.
Assim o torneio masculino deve ter na final Casper Ruud ou Karen Khachanov contra Carlos Alcaraz ou Frances Tiafoe. Renovação bacana e já necessária para a modalidade (Alcaraz vai ser um dos grandes nos próximos anos), mas um pouco brochante para o torcedor mais comum.
No maravilhoso mundo dos técnicos, a principal notícia dos últimos dias veio da Série B, não da A. O Grêmio contratou pela 94ª vez (mais ou menos) Renato Gaúcho. Em um programa de televisão, algum repórter querido disse que o professor Renato chegava "para sua missão mais difícil" no clube. Sério?
Com todo respeito aos rivais, mas o Grêmio em crise, jogando mal, demitindo técnico, tem seis pontos a mais que o primeiro time fora do G4 da Série B (que classifica justamente os quatro primeiros). Ou seja, o professor Renato chega para as dez rodadas finais podendo perder até cinco pontos em relação ao quinto colocado… Mais fácil que prova com consulta.
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