Tudo errado no Corinthians e na sua contratação de Cuca. Mas algumas coisas soaram ainda mais gritantes nos catastróficos seis dias que duraram a passagem do desprestigiado treinador pelo alvinegro. Por exemplo, o presidente dizer que o clube "estudou" o caso antes de fechar com o treinador. Estudou onde? Qual foi o fascículo da enciclopédia Barsa que mostrou que Cuca era inocente do caso de estupro? Provavelmente nem a Barsa de 1987.
Depois, pouco antes do anúncio da rescisão do contrato, muitos dos jogadores (não direi todos, mas a maioria) foram mostrar solidariedade ao técnico, e o que veio falar com mais veemência foi o atacante Róger Guedes.
"Infelizmente, vivemos em um momento em que as pessoas julgam, colocam muito o dedo e não deixam a pessoa provar sua inocência. (...) A Ana Thaís [Matos, comentarista dos canais Globo], fala bastante. Particularmente em mim ela bate bastante, sem motivo algum. Eu citei a Ana Thaís porque ela é uma das pessoas que atacou muito o Cuca. Ela tem provas para falar dele? Não tem provas para falar dele. Então, ela quer julgar o quê? Com certeza ela já errou um monte de vezes na vida também", disse o atacante.
Depois afirmou que a citação não era nada pessoal e que não foi machista.
Cerca de 450 jornalistas criticaram a contratação de Cuca pelo Corinthians. Róger resolveu citar apenas um, no caso, uma mulher. Mas ainda acha que não é pessoal ou machista. "Tenho uma filha, né? Deus me livre [ser machista]".
É impressionante como muitos jogadores, a exemplo de Róger Guedes, são ignorantes e/ou mal assessorados. Em qual universo Róger não entendeu ainda que nenhum jornalista precisa provar nada sobre Cuca? A Justiça suíça fez o serviço. Julgou e condenou. A única coisa que faltou em todo o processo foi o cumprimento da sentença por parte dos condenados (meros 15 meses, por atacar sexualmente uma menina de 13 anos).
Se alguém precisa provar algo, no caso, a alegada inocência, é Cuca. E o treinador, que teve uma vida profissional muito rentável, resolveu só agora contratar advogados para tentar reverter sua condenação… 36 anos depois do caso. Curioso perceber que nenhum dos outros três gremistas envolvidos se pronunciou ou quer reverter a condenação.
Até lá, Cuca não deve mais trabalhar como técnico no Brasil. O que não deixa de ser uma sentença bem mais branda do que o crime pelo qual foi condenado.
Enquanto isso, os corintianos continuarão dependendo de Róger. Jogador habilidoso, com ótimo poder de finalização e chato para caramba em campo. Fala (reclama) com o árbitro o tempo todo. Adora correr até o VAR, ao lado do juiz, em todas as chamadas. Na última vez, finalmente levou um cartão. Agora deve ficar mais quietinho.
Na derrota contra o Palmeiras, aparentemente o que o deixou mais irritado foi o fato de o juiz Wilton Pereira Sampaio ter assinalado gol do Corinthians como contra (do lateral Piquerez) e não como dele. Inconformado, foi até o vestiário dos árbitros (o que é proibido) para tentar reverter o gol para ele, como se isso mudasse algo no resultado do jogo.
Sua postura tática em campo, principalmente quando o time precisa defender, também é questionada de tempos em tempos. Enfim, Róger precisa evoluir como jogador (e é por isso que "apanha" da Ana Thaís e de outros) e como ser humano. E não é nada pessoal.
Pelé no dicionário
"pe.lé® adj m+f sm+f Que ou aquele que é fora do comum, que ou quem em virtude de sua qualidade, valor ou superioridade não pode ser igualado a nada ou a ninguém, assim como Pelé, apelido de Edson Arantes do Nascimento (1940-2022), considerado o maior atleta de todos os tempos; excepcional, incomparável, único. Ele é o pelé do basquete. Ela é a pelé do tênis. Ela é a pelé da dramaturgia brasileira."
Esse é o verbete de Pelé no Michaelis, sinônimo de perfeição. Parabéns ao Santos e ao SporTV, que encamparam a campanha, e a todos os envolvidos.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.