Com pouco mais de 60 mil habitantes (cabe inteira dentro de um Maracanã), a pequena Wrexham, no País de Gales, está em festa. Depois de 15 anos amargando a National League da Inglaterra, a equipe da cidade, o Wrexham, finalmente conseguiu o acesso no fim de semana e vai disputar a League 2 (a quarta divisão) na próxima temporada.
Desconhecido até outro dia para a maioria dos boleiros mortais, o Wrexham se tornou o queridinho de muita gente nos quatro cantos do mundo. Tudo por conta da série documental "Bem-Vindo ao Wrexham", que mostra como dois atores de Hollywood que mal entendem de futebol se tornam proprietários do time.
Os dois atores, no caso, são: Ryan Reynolds, o carismático canadense famoso pelo trabalho em "Deadpool", herói desbocado da Marvel —fez também "Lanterna Verde", mas ninguém precisa se lembrar disso–; e Rob McElhenney, que foi quem convenceu Reynolds e que tem como principal trabalho a longeva sitcom "It’s Always Sunny in Philadelphia".
"Bem-Vindo ao Wrexham", disponível no streaming Star+, mostra os perrengues do primeiro ano de Ryan e do outro cara (ninguém conhece Rob ou se lembra de seu sobrenome, o que rende várias piadas) como os novos donos do falido e tradicional time de Gales, que foi fundado em 1864 e joga no Racecourse Ground, um dos mais velhos estádios do mundo ainda em funcionamento.
Como a série é sobre a temporada de 2022, lá vem o spoiler: eles não conseguem o acesso no primeiro ano sob nova direção. Mas, mesmo sabendo do fim, o programa é delicioso e vai além dos bastidores do vestiário. Está mais para um "Sunderland até Morrer", com o envolvimento de torcedores, do que para os habitués "All or Nothing", série que já destacou temporadas de vários times.
A maioria dos 16 episódios não passa de 30 minutos e tem um ar didático (e divertido) para conquistar mesmo os que não estão habituados ao esporte bretão —explica, por exemplo, que uma vitória no futebol vale três pontos e brinca também com algumas tradições galesas. É quase um "Ted Lasso" em formato de documentário, com Lasso sendo o dono, não o técnico, e tendo dois deles.
Os episódios mostram também como dá trabalho ser profissional depois de anos de amadorismo. Eles gastam dinheiro (mais de uma vez) para arrumar o gramado —algo que até agora a administração do Maracanã não conseguiu— e contratam jogadores e um técnico dignos de uma terceira divisão para disputar a quinta.
Spoiler futuro: a segunda temporada da série, que será lançada em algum momento deste ano, acabará com final feliz. No último sábado, com a presença de Ryan e Rob, os Dragões Vermelhos venceram o intrépido Boreham Wood por 3 a 1 para somar 110 pontos (são 24 equipes) e garantir o título da National League com uma rodada de antecedência.
O objetivo dos donos é tão ousado quanto o de uma produção hollywoodiana. Querem levar o time para a primeira divisão, a endinheirada Premier League.
O sonho pode parecer distante, mas o Wrexham vai incluir na próxima pré-temporada uma excursão aos Estados Unidos com direito a amistosos contra Chelsea e Manchester United. Será o grande clássico Dragões Vermelhos x Diabos Vermelhos. Ainda não sabemos se alguém gravou um vídeo no vestiário cantando "Manchester, pode esperar, a sua hora vai chegar".
Round 38 – Restam 15
Quando dois técnicos foram demitidos após a primeira rodada em 2022, este inocente escriba achou que se tratava de uma insanidade. Mas estamos em terras brasilis, onde insanidade no futebol é apenas mais uma tarde de domingo.
Sendo assim, três professores foram degolados após o round 1: dois brasileiros (Rogério Ceni, do São Paulo, e Fernando Lázaro, do Corinthians) e um estrangeiro (o português António Oliveira, do Coritiba).
Como o torneio começou com 18 (Flamengo e Goiás não quiseram brincar com técnico na estreia), restam 15 sobreviventes —Estrangeiros 8 x 7 Brasucas.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.