Jogador de futebol chato não é exclusividade brasileira, tem no mundo todo. Mas, se fosse modalidade olímpica, levaríamos ouro e prata; o bronze provavelmente iria para algum estrangeiro que joga aqui e fez essa bela adaptação.
E quem seria o jogador mais chato do nosso acachapante Campeonato Brasileiro? Um marcador implacável, como Felipe Melo? Um zagueiro com sotaque, como Gustavo Gómez? Nada disso, os nossos atacantes são infinitamente mais chatos. Quase todo time tem um.
Nos últimos anos, na opinião deste escriba —ele próprio um chato—, o campeão pelo conjunto da obra é Gabriel Barbosa, do Flamengo, também conhecido como Gabigol.
É só acompanhar qualquer jogo do Flamengo para ver Gabi aporrinhando o juiz nas faltas que ele sofreu, faltas que ele acha que sofreu, faltas que ele não sofreu, mas gostaria da marcação assim mesmo, e até faltas sofridas pelos companheiros que ele nem viu. É uma chatice do primeiro ao último minuto em campo.
Porém, neste ano, Gabigol tem sido superado por outro atacante, Hulk, do Atlético Mineiro. Às vezes é até chato achar Hulk chato. O moço está sempre com a família, dá autógrafo para todos, beija criancinhas no estacionamento e se engaja em boas causas.
Depois do apito inicial, no entanto, Hulk se transforma. Não fica verde, mas como fica chato. Faz sinal de negativo com as mãos ou com a cabeça para quatro a cada cinco marcações do juiz, incluindo escanteios, faltas no círculo central e laterais. Às vezes reclama com o olhar e um sorriso irônico —é o segundo sorriso mais magnético do futebol mundial, atrás do de Roberto Firmino.
Não satisfeito, também atormenta a vida da equipe de arbitragem (normalmente eles merecem) depois do apito final. Na última partida, parecia dentro de um episódio de "Black Soccer Mirror", vítima de uma grande conspiração. "Ele [o árbitro] comemorou [com a equipe] na minha cara", dizia o incrível atacante, quase em tom de denúncia. Depois, pedia insistentemente para o coitado do cinegrafista registrar o momento, "filma ele, filma ele". Acabou expulso. O motivo na súmula deveria ser: chatice.
Eles sempre "comemoram" (cumprimentam-se), querido Hulk. Não foi pessoal. Tudo bem que o péssimo juiz em questão foi Wilton Pereira Sampaio, ruim em gramados brasileiros e internacionais; chamado por torcedores ingleses de "árbitro cego que perdeu o cão-guia" depois de comandar Inglaterra x França, no Qatar.
Mas nem tudo está perdido, ou ganho. O atacante atleticano pode voltar a ser superado por Gabigol a qualquer rodada, ou por Róger Guedes, que adora fazer escolta e falar ao pé do ouvido do juiz toda vez que ele é chamado ao VAR. Chato.
No pódio da malice tem ainda Deyverson, goleador do Cuiabá que faz outro estilo, quase de trote de quinta série. O atacante malandrinho quer irritar todos em sua volta, o juiz, o rival, a torcida e até o comentarista da TV. Quem assiste em casa até se diverte.
No domingo, Deyverson viu um jogador do Santos caído em campo e resolveu ele mesmo fazer o gesto para o banco pedindo a alteração do rival. Só para irritar. Um peralta mala sem alça.
Tem também o chato estrangeiro. Sem mais delongas, o título vai para Arturo Vidal. A única vantagem do Flamengo com Vidal como titular é ver Gabigol reclamar menos… umas duas vezes a menos.
Round 38 - Restam 9
Aconteceu a eliminação mais trágica entre os professores que começaram o Round 38 do Brasileiro: Luís Castro, do Botafogo. Sempre triste ver o técnico líder saindo da competição, mesmo que seja uma autodegola. Em breve, vai ter muito carioca de olho no clássico Al Nassr, de Luís Castro, contra Al Hilal, de Jorge Jesus. E agora o placar aponta apenas nove sobreviventes por aqui: Brasileiros 4 x 5 Estrangeiros.
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