Sílvia Corrêa

É jornalista e médica veterinária, com mestrado e residência pela Universidade de São Paulo.

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Sílvia Corrêa

Rex, o incansável do Enem

Cãozinho acompanhou a dona e ficou à sua espera nos dois dias de prova do exame

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Ele não estava entre os 5 milhões de inscritos do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), mas foi um dos destaques da prova.

Rex, um vira-lata de cerca de três anos, ficou famoso na internet ao passar mais de cinco horas nas escadarias de uma universidade em Rondônia esperando a dona terminar o primeiro dia de exame.

O cão chegou ao local com a estudante Mariana Barros de Assis, 22, e ficou deitado em frente à porta. Só se levantou quando ela deixou o prédio, no final da tarde, fazendo uma festa compatível com meses de separação.

A espera faz parte do repertório emocional dos cães. Não são raras as histórias de animais que esperam pelos donos em frente a casas já vazias, na porta de hospitais, à beira de túmulos ou em locais onde costumavam estar juntos. Talvez a mais conhecida dessas histórias seja a do akita Hachi, que virou filme ao esperar, durante nove anos, a volta do dono em uma estação de trem no Japão.

Ilustração com cãozinho de pelo marrom claro e manchinhas em marrom escuro aguarda na frente de um portão de grades de ferro na frente de uma escola
Rodrigo Fortes

Mas por que eles esperam?

À luz dos sentidos caninos, comandados pelo olfato e a audição, somos aglomerados de cheiros e sons que, quando se aproximam, anunciam a melhor parte do dia –comida, brincadeira, passeio ou, simplesmente, o fim do período de solidão.

O psiquiatra John Bowbly, pai da Teoria do Apego, dizia que recém-nascidos criam vínculos com seus cuidadores baseados na necessidade de segurança e proteção, a fim de sobreviver.

Como as emoções mais básicas são processadas pelas porções mais primitivas do cérebro, comum aos vertebrados, fica razoável aceitar que os cães possuam essas mesmas reações.

Nesse contexto, a conclusão é óbvia: o que você faria se visse desaparecer por uma porta aquele conjunto de cheiros e sons que garante seus melhores momentos? Esperaria que ele voltasse.

No segundo dia de provas do Enem, lá estava Rex de novo, na frente da universidade. Dessa vez, no entanto, Mariana levou água e ração para o amigo, mas ele mal teve tempo de comer: passou a tarde ganhando carinho e posando para fotos.

Se era por atenção que ele esperava, definitivamente deu certo.

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