O Pior da Semana

Escritora Tati Bernardi transforma em coluna as perguntas enviadas por leitores da Folha

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O Pior da Semana
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Os Melhores Piores da Semana vão de transar crocs a ser triste em Praia Grande

Leitores querem saber como evito crises de pânico, qual é o meu vibrador favorito, por que sonham com ex-namorados, e muitas outras coisas

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Lu quer saber qual foi meu dinheiro mais mal gasto da vida. Acho que foi quando comprei um estudante gaúcho por sete meses, ou talvez um trench coat da Burberry que eu jamais usei (o estudante gaúcho eu usei bastante).

Julia quer saber se a visão da minha filha nascendo foi a melhor da minha vida. Não, vamos lembrar daquele filme em que o Brad Pitt aparece sem camisa em um telhado.

Godoy quer saber se transo crocrs. Tentei, mas como tinha muitos pins bottons, doeu um pouco.

Debora quer saber se ser bem-sucedido é ganhar bem ou ter um amor. Paris sem um amor é triste, mas eu fui para a Praia Grande acompanhada e foi bem pior.

Ilustração de mulher com cabelos curtos alaranjados, descalça e vestindo um maiô amarelo sentada em uma cadeira em uma praia. Ela está acendendo seu cigarro com uma mão, segurando um copo na outra mão e tem uma máquina de escrever no colo. Há papeis voando em direção ao mar e bananas e uma jarra de bebida com rodelas de fruta ao lado dela.
Bruna Barros - 5.dez.2020

Vivi quer saber qual a pior parte de se separar tendo filhos pequenos. A pior parte é a primeira pessoa com quem você transa no primeiro final de semana sem marido e sem filhos: você se emociona demais e nunca é bom se emocionar tanto na frente de uma pessoa do sexo masculino.

Bianca quer saber por que ela ainda sonha com o ex-namorado que a traiu. Porque ser traída dá mais tesão do que ser pedida em casamento. Mas eu não te contei isso e nem jamais escrevi essa frase.

Gabriel quer saber por que as pessoas cínicas são cínicas. Porque elas tiveram que amadurecer antes da hora e não perdoam quem teve infâncias mais protegidas e felizes. Porque elas são naturalmente mais inteligentes e rápidas e espertas do que pessoas que dizem "tenha uma boa hora" para grávidas ou escrevem "pelos olhos dele" em fotos nas redes sociais. Porque são maravilhosas.

Drica quer saber quais limites impor a uma melhor amiga. Não contar para o resto da humanidade o quanto vocês falam mal do resto da humanidade e não usar scarpin bege claro.

Claudia quer saber qual foi minha pior decisão relacionada a minha maternidade. Foi ter esperado minha filha dormir para cortar suas unhas (no quarto escuro).

Mari quer saber o que eu faço para evitar uma crise de pânico. Eu não saio de casa sem remédio, sem água e sem comida. Eu não saio de casa sem remédio. Eu não saio de casa. Eu não vou do aeroporto direto para uma reunião (chego um dia antes, descanso). Eu só vou em festa com lugar para se sentar, de preferência perto da porta de saída. Eu não entro mais no antigo Twitter, nunca mais na vida. Eu evito lugar quente e/ou lotado e, se não der para evitar, eu passo muito mal antes de passar mal que é para a hora que eu passar mal de verdade eu já estar quase para sair do lugar.

Franci quer saber qual meu modelo de vibrador preferido. Prefiro um enorme, que vibra e esquenta, e que uso exclusivamente para melhorar as dores do meu pescoço.

Renata quer saber se eu espero superar uma relação para começar outra. Eu acho que isso não existe; eu ainda estou superando pessoas que conheci em 1992. Não existe se limpar para merecer o limpinho do outro. Existe somar sujeiras e ver o que dá para fazer com isso. Até Deus fala que é no nosso quartinho da bagunça que ele conversa conosco. Minha vida amorosa é um caos, se fosse uma feijoada, seria metade vegana, metade com pés de porco boiando. Eu não acredito em quem vive a partir de tabela de Excel.


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