Brócolis bem cozido. Batata. Nham, batata. E tofu! Se o meu bebê de 9 meses pudesse falar, aposto que essas seriam as respostas a quem lhe perguntasse: "Qual é a sua comida preferida?".

As mãozinhas agarram os floretes e amassam o abacate maduro, mas a fruta escorrega antes de chegar à boca, que permanece aberta e morde o ar. Ele olha para baixo e observa o irmão patudo a apreciar tudo aquilo que lhe escapa ou que ele atira contra o chão, seja pela diversão de ver a gravidade fazendo o seu serviço, seja para comunicar que está satisfeito.

Tem sido uma aventura —e uma grande bagunça— oferecer alimentos sólidos e encorajar o meu filho a comer com as próprias mãos. Nada de colher, por enquanto, muito menos de aviãozinho. O método BLW —sigla para "baby led weaning", ou "desmame orientado pelo bebê"— baseia-se justamente em colocar o foco no bebê (não nos pais) ao longo do processo de introdução alimentar.

Uma alimentação 100% vegetal pode ser feita em qualquer etapa da vida, e o BLW aplica-se a qualquer tipo de dieta saudável. É fundamental que se ofereça ao bebê alimentos in natura, sem sal e sem açúcar, o mais próximos da terra possível, já que a premissa desse método é deixar o bebê no controle daquilo que ele come e do quanto ele come.

Num primeiro momento, pode parecer que dá muito mais trabalho cozinhar para o bebê uma "comida de adulto", mas na nossa experiência tem sido justamente o contrário: otimizamos o tempo na cozinha ao preparar a mesma refeição para a família toda. Para o bebê é sempre necessário oferecer a comida num formato que ele consiga agarrar com as mãos.

O arroz se transforma num bolinho, o feijão, num hambúrguer e a banana, em vez de ser amassada e oferecida na colher, é oferecida com um pedacinho da casca, para o bebê conseguir agarrar mais facilmente e levar a fruta à boca, por exemplo. Os legumes devem ser também cortados em formatos fáceis de agarrar: bastões, rodelas, meia-luas e, no caso do brócolis e da couve-flor, floretes.

Embora eu tenha estudado sobre o BLW, confesso que no começo fiquei em pânico ao ver meu bebê de seis meses, altura em que começamos a introdução alimentar, com aquela boca banguela cheia de alimentos sólidos. Tive que respirar fundo para não resgatar pedaços de cenoura e conseguir sentir, ainda que timidamente, a bendita da confiança no bebê.

O engasgamento é um risco real e deve ser levado a sério, mas é importante dizer que não existe um maior risco de engasgamento em bebês e crianças que fazem BLW quando comparadas a crianças que fazem a introdução alimentar através da abordagem tradicional.

E para evitar situações de engasgo, é fundamental cumprir as medidas de segurança, como cozinhar muito bem os alimentos e garantir que eles sejam oferecidos em formatos que o bebê consiga agarrar com as mãos (dessa forma, os alimentos nunca serão pequenos o suficiente para oferecer risco de engasgamento). Fazer a refeição com o bebê e nunca deixá-lo comer sozinho, sentá-lo corretamente, não ceder à tentação de "enfiar" o alimento na boca do bebê e eliminar distrações (televisão ligada nem pensar) e saber aplicar a manobra de desengasgo caso seja necessário são outras medidas de segurança que devem ser cumpridas.

A receita de hoje é apta para todas as idades: panqueca de espinafre com banana! Pode confiar, o bebê aprovou, você também vai gostar! Estou há dois meses comendo (basicamente) a mesma comida que o meu bebê, e a cada semana temos um novo "favorito". O brócolis, a batata e o tofu foram enfim superados por essa panqueca verde, fofinha, naturalmente adoçada com bananas muito maduras.

Se sobrar —duvido que aconteça— guarde na geladeira para consumir em até três dias ou no congelador para consumir em até um mês.

PANQUECA DE ESPINAFRE COM BANANA

Ingredientes

2 xícaras de folhas de espinafre

2 bananas muito maduras

1 xícara de leite vegetal sem açúcar *

½ xícara de aveia em flocos

½ xícara de farinha de trigo

½ colher de chá de bicarbonato

¼ colher de chá de suco de limão.

Azeite, o quanto baste

Preparo

1. Adicione todos os ingredientes no liquidificador e bata até obter uma mistura homogênea.

2. Cozinhe as panquecas numa frigideira com um fio de azeite em fogo médio, concha por concha. Ao colocar uma concha da massa na frigideira, tampe para abafar e cozinhar de modo mais uniforme. Quando a panqueca fizer "furinhos" é sinal de que já está cozida de um dos lados. Vire e cozinhe do outro lado, abafando com a tampa. E está pronta! Repita o mesmo processo com o restante da massa.

* pela presença de arsênio no farelo utilizado na fabricação do leite de arroz, este não é recomendado para bebês e crianças, opte por outro leite vegetal, como o de aveia ou de castanha de caju