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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Descrição de chapéu Copa do Mundo

A lógica do acaso

Na fase de grupos, única grande surpresa do mundial foi eliminação da Alemanha

Belo Horizonte

Na média, o nível técnico da Copa do Mundo está bom. Como se esperava, não houve nenhuma novidade tática. A única grande surpresa foi a eliminação da Alemanha.

Os vários fracassos de seleções campeãs do mundo na Copa seguinte ocorrem por desconcentração, soberba e, principalmente, porque costuma haver uma importante queda da qualidade individual, mesmo que haja um ótimo planejamento. É a lógica do acaso, das leis das probabilidades. Craques não se formam em laboratório.

O Brasil, onde tantas pessoas costumam não respeitar as leis e a ética, é o mesmo que critica duramente a atitude da França, da Dinamarca, da Inglaterra e do Japão, pelas decisões pragmáticas, estratégicas, de não demonstrarem interesse na vitória. As condutas foram lamentáveis, ainda mais que os torcedores compraram caríssimos ingressos. Porém, quase todas as pessoas, mesmo as corretas, que vivem situações parecidas, em outras atividades, ficariam indecisas entre a ética e a ambição de vencer. É humano. Isso é bem diferente de duas equipes combinarem o resultado antes do jogo e também da corrupção e da promiscuidade que assolam o Brasil.

A França é superior à Argentina, mas há a possibilidade de que Messi faça coisas magistrais, além de tentar resolver sozinho, sem passar a bola para Higuaín. Além disso, os mais veteranos, como Mascherano e Di María, enfim, precisam jogar bem. A Argentina deve manter a mesma formação tática, com cautela e com duas linhas de quatro, além dos dois atacantes, como na Copa de 2014.

A França quase sempre joga menos do que todos esperam. O time deve atuar com três no meio-campo e três mais adiantados (4-3-3).

Uruguai e Portugal fazem um jogo equilibradíssimo. São duas seleções parecidas, fortes na marcação, na disciplina tática, na qualidade dos atacantes e que jogam também com duas linhas de quatro e dois à frente. Contra a Rússia, o técnico uruguaio mudou o sistema tático e escalou três volantes e um meia de ligação (Bentancur), formando um losango no meio-campo (4-3-1-2), sem jogadores pelos lados, um desenho abandonado há muito tempo e que foi usado no Brasil durante décadas. Além disso, os laterais uruguaios são fracos no apoio.

No futebol, há tantos imprevistos e possibilidades que, com qualquer esquema tático desenhado na prancheta, um time pode atuar bem e vencer.

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