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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Incertezas do futebol desafiam a nossa sabedoria

Expectativa é saber o que pensa Tite para a seleção brasileira após a Copa

As pessoas e os governos que ignoram a história e desconhecem a enorme importância do acervo do Museu Nacional acham que foi apenas mais um incêndio em um prédio antigo. Estou de luto. Luzia, a mais antiga latino-americana, desapareceu. Ainda há esperança de que ela seja encontrada e que esteja preservada, viva.

Arthur (à dir) marca o argentino Banega em partida do Barcelona contra o Sevilla, pela Supercopa da Espanha
Arthur (à dir) marca o argentino Banega em partida do Barcelona contra o Sevilla, pela Supercopa da Espanha - Fadel Senna - 12.ago.18/AFP

Os clubes brasileiros lamentam a ausência de alguns jogadores, por causa dos amistosos das seleções, mas não fazem nada para mudar o calendário, reféns das federações estaduais, da CBF e de seus parceiros comerciais. A seleção precisa jogar. O errado é não parar o Brasileiro e a Copa do Brasil.

Começa uma nova etapa da seleção. Ninguém tem certeza, nem Tite, de como estarão os mais veteranos em 2022 nem quais jovens serão destaque na época do próximo Mundial. O técnico precisa ter dois olhares, um para o presente e outro para o futuro.

Tenho muitas dúvidas. Tite vai manter o sistema tático do Mundial, com Coutinho no meio-campo? Neymar, no PSG, tem jogado pelo meio e próximo de Cavani. Pode ser uma opção. O time teria ainda dois volantes, além de Coutinho, pela esquerda, e Douglas Costa ou Willian, pela direita.

O principal problema tático da Seleção no Mundial foi que Neymar não voltava para marcar pela esquerda, Marcelo apoiava mais que marcava e Coutinho avançava como um meia, mas não recompunha rapidamente, para ajudar o lateral. Ficava um enorme espaço. O México não fez gols porque não tinha qualidade individual. A Bélgica se aproveitou, inspirada na estratégia do México.

Dos jovens, Arthur é o mais pronto para jogar, embora seja reserva no Barcelona.

Messi e o técnico Valverde disseram que Arthur tem características muito parecidas às de Xavi, o que é evidente, pela semelhança física, pelos toques curtos, pelo passe preciso, pela lucidez e por não perder a bola.

Paquetá é outra possibilidade. Ele tem alternado momentos brilhantes com outros confusos. Paquetá tenta jogar como um meio-campista, de uma área à outra, e, ao mesmo tempo, como um meia-atacante, que entra na área, finaliza e faz gols. É demais.

Os grandes meios-campistas (Modric, Kroos, Pogba e, quem sabe, futuramente, Arthur) marcam, organizam, mas entram pouco na área para fazer gols.

Os grandes meias-atacantes, como Messi e Griezmann, brilham do meio-campo ao gol. Não dá para fazer tudo. Paquetá tem de descobrir seu melhor lugar, ter uma referência, para, daí, se expandir.

Dos mais jovens, o que cria maior expectativa é Vinícius Júnior. Por outro lado, tem sido um bom exemplo de como parte da imprensa é açodada, mais preocupada com grandes manchetes e audiência. Por causa de alguns lances brilhantes, na pré-temporada do Real Madrid, entre os reservas, já o tratavam como o substituto imediato de Cristiano Ronaldo.

Vi vários desses jogos, e Vinícius Júnior alternou mais momentos confusos que brilhantes, como acontecia, com frequência, no Flamengo. Daí, não ter sido surpresa o técnico do Real Madrid tê-lo colocado no time B.

Quando vi Vinícius Júnior nas seleções de base, tive a impressão de que ele se tornaria mais um fenômeno, um Neymar, um Ronaldinho Gaúcho. Hoje, acho que ele será um grande jogador, com chances de ser titular da seleção e do Real, mas nem tanto.

Tomara que eu esteja errado. As incertezas e imprevisibilidades do futebol são mais relevantes que nossa pretensa sabedoria.

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