Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Em estreia na Copa América, seleção não empolgou nem decepcionou

Contra a Bolívia, Brasil só melhorou quando Fernandinho avançou mais

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A Bolívia é muito ruim. O jogo perde a graça. Os bolivianos congestionaram a entrada da área, de um lado a outro, e, apesar de tantos erros individuais, conseguiram dificultar pelo menos no primeiro tempo. O Brasil usou demais a jogada aérea. Nos primeiros minutos do segundo tempo, graças ao olhar do VAR, Coutinho fez um gol de pênalti e, logo em seguida, o segundo, para alegria de Galvão Bueno, que estava louco para eleger Coutinho o novo líder técnico da seleção.

Everton entrou no meio da segunda etapa, no lugar de David Neres, e fez um belo gol, em seu estilo, driblando em velocidade para o meio, para finalizar com precisão. Fernandinho, no primeiro tempo, jogou ao lado de Casemiro, os dois sem ninguém para marcar. No segundo, Fernandinho avançou mais e melhorou, apesar de não ser esse seu estilo. Ele e Casemiro jogam em seus clubes da mesma maneira, centralizados, marcando e iniciando as jogadas ofensivas.

Ninguém brilhou nem decepcionou, com exceção de Everton. Tudo continua na mesma.

São tantos em um só

Alguns jogadores chamam a atenção por terem comportamentos emocionais diferentes, dentro e fora de campo.

Outro dia, discutia-se no Redação SporTV, um de meus programas esportivos favoritos, que David Neres, nas entrevistas, parece triste, desanimado, com o olhar para baixo (ele tem a pálpebra caída), enquanto que, em campo, é extremamente animado, descontraído, alegre.

Daniel Alves, fora de campo, se destaca por suas roupas excêntricas, tatuagens e maneira de falar. Já no gramado, é bastante lúcido, concentrado e sério.

Eu, que era um jovem tímido, pouco autossuficiente, me transformava em campo. Tinha confiança para tomar decisões diferentes, além de, algumas vezes, assumir o papel de um líder. Não me reconhecia. O craque Dirceu Lopes, mais tímido ainda que eu, era possesso em campo, à procura da bola.

Pelé, quando chegava ao vestiário, antes do jogo, ia para um canto, deitava, esticava as canelas e fechava os olhos. Era seu ritual de concentração, para não se desligar em campo. Até nos aspectos emocionais, ele foi superior aos outros.

Existe um antigo comentário pronto de que, sempre que um jogador tímido atua mal, várias vezes, é porque não participa dos pagodes nem dá gargalhadas sem motivos. Os tímidos, calados, costumam se agigantar em campo. Já os festeiros, contadores de piadas, muitas vezes, se abatem no jogo e são incapazes de tomar atitudes que não foram ensaiadas, planejadas.

O trabalho psicológico, feito por profissionais especializados no esporte, pode ajudar os jogadores, os técnicos e as equipes, desde que seja frequente, rotineiro. Parece que diminuiu ou acabou a fase das palestras de autoajuda, com seus discursos óbvios e repetidos. A moda agora é o coach, uma estratégia para desenvolver as habilidades humanas, para alcançar o sucesso pessoal e profissional. Seria também uma autoajuda?

Atletas e todos os profissionais alternam seu comportamento, dentro e fora do trabalho. Isso pode ser bom ou ruim. Depende do momento. “Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Sou o que penso? Mas penso ser tantas coisas.” (Fernando Pessoa)

Saudade

Na Copa de 2006, trabalhei na Folha, junto com Clóvis Rossi, brilhante jornalista. Contra a França, partida em que o Brasil foi eliminado, assisti ao jogo a seu lado, no estádio. Quando Zidane deu um chapéu em Ronaldo, Clóvis Rossi exclamou: “Que que é isso?”. Saudades.

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