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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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É preciso olhar o campo antes das estatísticas

Olheiros tecnológicos que mapeiam desempenho de jogadores ajudam, mas não são suficientes

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Está quente o mercado da bola. Uma das dificuldades e deficiências dos clubes é avaliar a qualidade técnica dos treinadores e jogadores que serão contratados, além da relação entre custo e benefício. Há sempre um risco de dar errado, mesmo nas decisões certas, por causa da irregularidade dos profissionais, que dependem de inúmeros fatores para ter sucesso.

No Brasil, há uma pressa em exaltar e em desmerecer os jogadores e, principalmente, os treinadores, depois das vitórias e das derrotas.

A indicação de jogadores deveria ser feita por treinadores competentes, que tenham uma estratégia de jogo definida, que conheçam bem o elenco e as qualidades, deficiências e características dos atletas que irão contratar. Isso raramente ocorre, por causa da frequente mudança de técnicos.

Além dos exorbitantes gastos nas contratações e nos pagamentos de salários, existe, no Brasil, um enorme desperdício de dinheiro. 

A esperança é sempre diminuir a dívida com a venda de algum jovem futuro craque. Para isso, é preciso melhorar a formação de jogadores. O futebol mudou bastante nos últimos 15 anos.

Não há mais lugar para volantes que só sabem marcar, centroavantes estáticos, zagueiros colados à grande área, laterais que avançam e só sabem jogar a bola na área, meias que só atuam em pequenos espaços e goleiros que só sabem jogar debaixo das traves.

Existe ainda o perigo de haver relações conflitantes, promíscuas, entre dirigentes, treinadores e empresários.

Dizem que todas as principais equipes brasileiras possuem analistas de desempenho, olheiros tecnológicos, capazes de mapear todos os jogadores, com estatísticas, detalhes técnicos e táticos, e suas carreiras. 

Isso é ótimo, pois ajuda bastante os treinadores e dirigentes nas decisões. Porém, com frequência, não basta. 

É necessário conhecer bem os detalhes objetivos e subjetivos. O jogo acontece no gramado. É preciso olhar primeiro o campo, aprender a ver, para, depois, checar as estatísticas e a tela do computador.
Alguns dirigentes irresponsáveis e megalomaníacos, sem preparo técnico e científico e sem planejamento, acham que é preciso gastar muito para formar um grande time e ganhar títulos e, com isso, obter lucro. Quase sempre destroem o clube, como ocorreu no Cruzeiro.

Uma das qualidades da atual diretoria do Flamengo foi ser precisa nas contratações, mesmo caríssimas, pois havia dinheiro para isso, graças a uma profunda reforma financeira realizada pela diretoria anterior.

 

Klopp, técnico do Liverpool, percebeu, após o primeiro ano no time inglês, que, para ganhar grandes títulos, seria necessário ter um excepcional goleiro e um excepcional zagueiro. Trouxe Alisson e Van Dijk. Acertou na mosca.

Recentemente, escrevi que o Liverpool, apesar de quase sempre vencer, é um time diferente dos outros grandes da Europa, pois não costuma dar show nem goleadas quando enfrenta equipes inferiores. Estava errado. O Liverpool faz muitos gols e leva poucos.

Se Liverpool e Flamengo se enfrentarem na final do Mundial de Clubes e se o time inglês ganhar com facilidade, o fato não diminui a enorme qualidade do campeão da Libertadores, embora seja inevitável o comentário de que o time é muito bom no Brasil e na América do Sul. 

Já se o Flamengo vencer, jogando muito bem, o Liverpool não deixará de ser superior, pois não se analisa um time apenas por um jogo. Porém, certamente, haverá o comentário de que o Liverpool é freguês.

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