É triste ver o Cruzeiro na Série B, situação já vivida pela maioria das grandes equipes brasileiras. Algumas, como o Corinthians, voltaram para a Série A e logo conquistaram importantes títulos. São múltiplas as causas do rebaixamento. Os seguidos resultados ruins criaram uma forte corrente negativa, um pânico, que se perpetuou com mais derrotas e empates.
Os dirigentes do Cruzeiro foram incompetentes e irresponsáveis. Mais que isso, alguns são investigados pelo Ministério Público e pelas polícias Civil e Federal. A corrupção tem de ser combatida em todos os setores do país. Todos os atuais dirigentes do Cruzeiro deveriam ser substituídos por outros independentes, sem nenhum vínculo com a atual administração.
Como disse o jornalista Rodrigo Capelo, especialista em finanças do esporte, no Redação SporTV, o problema é muito mais grave, é sistêmico, pela relação promíscua que existe entre a diretoria e o Conselho Deliberativo. O rebaixamento não foi apenas porque a bola não entrou. O clube levou uma rasteira.
A estratégia de Mano Menezes, com o aval da diretoria, de escalar todos os reservas em várias partidas, por causa da Copa do Brasil e da Libertadores, contribuiu para o rebaixamento. Porém, mesmo com os titulares, o time não ganhava. Há vários jogadores que foram supervalorizados na época das vitórias e outros que são bons para a Série B. Mesmo assim, o elenco continua sendo elogiado.
Eu tinha a esperança de que, nas últimas partidas, especialmente no Mineirão, haveria uma heroica vibração dos jogadores, facilitada pela estratégia de pressionar desde o início, incendiar o torcedor, o que inflamaria os atletas, criando um ciclo positivo. Era o momento de arriscar. Ocorreu o contrário. O time, contra o Palmeiras, iniciou e terminou o jogo inibido, apático, à espera do adversário.
Provavelmente, o Cruzeiro vai retornar à primeira divisão logo no próximo ano. Por outro lado, por causa da caótica situação financeira, há o risco, mesmo se voltar, de o Cruzeiro se tornar, em longo prazo, um clube e um time médios, como ocorreu com outros grandes no Brasil, sem condições de disputar títulos importantes, como Botafogo, Fluminense e Vasco.
Mudo de assunto. A vitória do Santos sobre o Flamengo não foi surpresa, já que, na Vila Belmiro, o time tem grandes chances de vencer qualquer adversário. A surpresa foi o 4 a 0, muito mais por méritos do Santos do que pela desconcentração do Flamengo, por causa do Mundial de Clubes.
O Flamengo levou quatro gols do Santos, quatro do Vasco e dois do Goiás, que teve chance de fazer mais. Essas equipes, mais o River Plate, adotaram a mesma estratégia de pressionar a marcação no meio-campo, recuperar a bola e lançá-la nas costas dos defensores adiantados. Essa é uma das características do Liverpool, independentemente do adversário, ainda mais com os velozes Salah e Mané.
Jogar com os zagueiros adiantados, como faz o Flamengo, é uma virtude, pois a equipe fica mais compacta, troca mais passes, domina mais a bola e desestrutura o adversário. Mas também é um risco, que vale a pena correr, mesmo contra o Liverpool.
Não estou insinuando que o Liverpool vai golear o Flamengo, se os dois se enfrentarem. Ganhar do Liverpool jogando na defesa, por uma bola, não vale. Isso já vimos com outras equipes brasileiras no Mundial. O Flamengo pode vencer sem mudar a maneira de jogar. É o que Jorge Jesus deve fazer.
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