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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Defender e atacar em bloco é mais importante que o sistema tático

Flamengo e grandes equipes do mundo jogam assim, pressionando quem está com a bola

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Em 1958, há 62 anos, eu estava em um bar, com 11 anos, no bairro onde morava, junto com meus três irmãos mais velhos e meu pai, escutando a final da Copa do Mundo. Terminou 5 a 2 para o Brasil. Saímos pelas ruas cantando e dançando. Oito anos depois, na Copa de 1966, eu jogava ao lado de alguns de meus ídolos.

Na semana passada, assisti aos jogos do Brasil nos Mundiais de 1958 e 1962. Impressionava-me, desde menino, como Didi, com a parte externa do pé, dava um passe de curva, com a bola contornando o corpo do adversário, para chegar aos pés do companheiro.

Pouco tempo depois, fui ao estádio Independência, com meu pai, ver um jogo do Botafogo. Nilton Santos, contundido, foi substituído pelo irmão Nilson Santos. Fisicamente, eram idênticos.

Com poucos minutos de jogo, perguntei a meu pai: "Esse não é o craque Nilton Santos, campeão do mundo"? Ele respondeu: "Parece com ele, possui o mesmo jeito de jogar, mas não é ele". Continuei em dúvida. Veio uma bola pelo alto, e Nilson Santos a dominou no peito, ela correu muito, e o atacante fez o gol. Meus olhos e os de meu pai se cruzaram. Entendi a diferença entre a cópia e o original. O craque é. O que é, é.

Ao ver os jogos de 1958 e 1962, mudei de opinião sobre Zagallo. Achava que ele era um terceiro jogador de meio-campo, como Rivellino, na Copa de 1970. Não era. Zagallo, com um excelente preparo físico, atacava e voltava, rapidamente, para marcar pelo lado, como fazem hoje vários pontas.

As seleções de 1958 e de 1962 não jogavam no 4-3-3, como eu achava, e sim do 4-2-4, como o Santos, de Pelé, e a maioria das equipes da época. Havia quatro defensores, dois no meio-campo, dois atacantes pelos lados e dois pelo meio (um ponta de lança e um centroavante). Eram quatro atacantes.

Na Copa de 1966, a Inglaterra inovou. Em vez de dois atacantes pelos lados, o time jogava com dois meias recuados, abertos, formando uma linha de quatro com os dois volantes, além de dois atacantes (4-4-2). Talvez seja, ainda hoje, o sistema tático mais usado em todo o mundo.

Com o desenvolvimento da ciência esportiva e, principalmente, da preparação física, surgiram jogadores pelos lados, que defendem quando o time perde a bola (4-4-2) e atacam quando a recupera (4-2-4).

Várias grandes equipes do futebol mundial jogam dessa forma, como o Bayern de Munique. A seleção brasileira também tem essa opção. Tite pode escalar Neymar pelo centro, formando dupla com o centroavante, e mais um jogador de cada lado, com características de atacante, mas que voltam para marcar. Há vários com essas características.

Neste ano, antes da epidemia, o Palmeiras jogou dessa maneira (Willian e Rony, pelos lados, e Dudu, pelo meio, perto do centroavante). São quatro atacantes. Quando o time perdia a bola, Willian e Rony voltavam para marcar. Luxemburgo pretende fazer o mesmo quando o time voltar a jogar.

Porém, mais importante que o sistema tático é a capacidade de uma equipe defender e atacar em bloco e pressionar quem está com a bola, como fazem o Flamengo e as grandes equipes do mundo. O Palmeiras, com Luxemburgo, avança com quatro atacantes, mas, quando perde a bola, deixa enorme espaço para o adversário, já que os zagueiros continuam colados à grande área e longe do meio-campo.

Jogar com quatro atacantes virou rótulo de time ofensivo. A maioria só se interessa pelas manchetes, rótulos e chavões. Não quer saber de discussões nem de aprofundamento das coisas.

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