Desde 1999, há 22 anos, escrevo na Folha, às quartas e aos domingos no jornal impresso. Estive presente em alguns Mundiais. Impressionou-me como os jornalistas da Folha são eficientes e independentes. O Datafolha, com a introdução das estatísticas, trouxe uma evolução nas análises do futebol.
No Mundial de 2002, eu estava em Ulsan, na Coreia do Sul, acompanhando os treinos da seleção brasileira, antes da estreia. Eu e o fotógrafo Eduardo Knapp viajamos até Seul, para fazer a cobertura do jogo inaugural da Copa, entre França e Senegal.
Na manhã do jogo, Knapp apareceu com altíssima febre e dores na garganta. Examinei-o e dei a ele antibióticos e antitérmicos, que levara de casa. Pegamos o avião para Seul, passamos no hotel e fomos para o estádio. A febre subia e descia, com o medicamento.
No estádio, fiquei em cima, no lugar reservado à imprensa escrita, e Eduardo, no gramado. Chovia bastante. Eu olhava para o jogo e para ele. Várias vezes, Knapp ia para um canto, onde enviava fotos, pela internet, para o Brasil, uma grande novidade na época. Além da máquina fotográfica, com imensas lentes, ele tinha que carregar o computador. E ainda chovia.
Logo após a partida, nos encontramos na sala de imprensa. Como havia muito mais jornalistas que postos de trabalho, ofereci meu lugar reservado a alguém, já que não usava o computador, sentei-me no chão, em um canto, onde escrevi minha coluna, à mão, como era habitual. Telefonei para Belo Horizonte, ditei o texto para uma pessoa que trabalhava comigo, e ele encaminhou à Folha.
No outro dia, pela manhã, continuava a febre de Knapp. Voltamos para Ulsan, e vi, no jornal, pela internet, meu texto e a belíssima foto do amigo. À tarde, a febre e os sintomas desapareceram. Fiquei aliviado e feliz.
Parabéns à Folha pelos 100 anos!
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