Existem inúmeros desenhos táticos e estratégias eficientes. Os resultados vão depender de muitos outros fatores, conhecidos e/ou inesperados.
Abel Ferreira, que sabe unir a estratégia com a força mental, disse que o Brasil não gosta de jogar com três zagueiros. Lembrou ainda que, na última Copa vencida pela seleção brasileira, em 2002, o time tinha três zagueiros, Lúcio, Roque Júnior e Edmílson.
É verdade, mas a principal razão da conquista foram os três atacantes, Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo. Todos os três foram eleitos melhores jogadores do mundo. Se, no Mundial de 2018, o Brasil tivesse Neymar e mais dois dos três de frente da Copa de 2002, teria sido o maior favorito.
No mundo, vários times jogam com três zagueiros e dois alas, porém é preciso separar a linha defensiva, com três autênticos zagueiros, da maneira mais flexível, cada vez mais utilizada, de usar um defensor alternando-se nas funções de zagueiro e de lateral, de acordo com o momento do jogo. Essa flexibilidade é uma evolução do futebol.
O Palmeiras, com Abel Ferreira, tem jogado assim, utilizando, às vezes, o lateral direito Marcos Rocha ou o esquerdo Piquerez como um terceiro zagueiro. Assim joga o Chelsea, com o lateral Azpilicueta, a seleção inglesa, com o lateral Walker, a Juventus, com o lateral brasileiro Danilo, e outros.
O Brasil, mesmo sem empolgar, está na lista dos candidatos ao título, junto com França, Inglaterra, Bélgica, Alemanha, Argentina, Espanha e Itália ou Portugal, pois somente uma vai à Copa. A França, por ter Mbappé e Benzema no ataque, além de Pogba e Kanté no meio-campo, é a que tem a maior chance.
Na quinta-feira (27), contra o Equador, Tite deve manter o esquema tático que tem sido mais utilizado, com quatro defensores, dois volantes, dois jogadores pelos lados e mais um meia centralizado, avançado e próximo ao centroavante.
Com as ausências de Neymar e de Paquetá, o meia pelo centro pode ser Coutinho ou Everton Ribeiro. Ou o time pode até jogar com dois atacantes mais à frente. Vinicius Junior deve atuar pela esquerda.
Na Copa de 2018, Tite cometeu o erro de escalar Coutinho mais recuado, iniciando as jogadas no próprio campo. Ele não tem força física nem características técnicas para tanto. Coutinho é um meia ofensivo, para jogar perto da área, pois dribla e finaliza muito bem.
O Barcelona, além de pagar uma fortuna por Coutinho, como se ele fosse um dos melhores jogadores do mundo, quis colocá-lo como substituto de Iniesta, um grande erro, não só pela diferença de talento como também pela posição. Iniesta era um magistral meio-campista, construtor de jogadas.
Na Copinha, vencida pelo Palmeiras, os jogadores mais badalados e mais promissores são meias atacantes hábeis, rápidos e dribladores, que jogam perto da área e do gol. O Brasil é o país dos atacantes, embora, na seleção principal, só exista um supercraque, Neymar. Vinicius Junior precisa ter ótimas atuações seguidas para chegar ao nível de um fora de série.
O Brasil deveria ser também o país dos meio-campistas, como já foi. Os gols nascem de trás, com a criação de jogadas. Importantes não são somente os dribles e as finalizações. A bola não pode ser lançada ao ataque, ela tem de ser levada, com inteligência, com passes precisos e com o entendimento do jogo.
A muito maior valorização do drible e dos lances individuais, em relação ao passe e ao jogo coletivo, teria a ver com o individualismo da sociedade brasileira?
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