No futebol moderno, arrancar com ímpeto, em distâncias curtas, de 5 a 20 metros, que era uma qualidade dos atacantes, passou a ser também uma característica importante de marcação e de sucesso das equipes. O adversário não pode receber a bola sem ser pressionado. Foi o que fizeram Corinthians e, especialmente, Flamengo na última rodada do Brasileirão. Essa é uma rotina nas grandes equipes da Europa. É preciso recuperar rapidamente a bola.
Jovens meio-campistas, como João Gomes, do Flamengo, Queiroz, do Corinthians, Danilo, do Palmeiras, e Allan, do Atlético, assimilaram com mais facilidade essa evolução. Os mais veteranos, que nunca tiveram esse hábito durante a carreira, como Renato Augusto, do Corinthians, e Diego, do Flamengo, possuem mais dificuldade.
O Flamengo melhorou por causa disso e porque colocou alguns jogadores onde eles se sentem melhor, como Éverton Ribeiro, pela direita, e Felipe Luís, mais adiantado do que antes, para aproveitar sua lucidez e técnica. Quando Bruno Henrique retornar, o time ficará mais forte no ataque, mas terá dificuldade na marcação pela esquerda, onde joga o jovem Lázaro, pois não dá para Bruno Henrique ser ala e artilheiro ao mesmo tempo.
Não vi falha de Rodinei no gol do São Paulo. Centroavantes altos e bons cabeceadores, como Calleri, adoram tomar impulso e cabecear por cima do lateral, geralmente baixo. Cristiano Ronaldo, no Real Madrid, fazia muitos gols de cabeça contra o Barcelona, por cima dos laterais Daniel Alves e Jordi Alba. Esse tipo de gol é um dos preferidos de Lewandowski, do Bayern.
Flamengo e Palmeiras se enfrentam nesta quarta (20). Abel Ferreira, certamente, terá muitos cuidados na saída da defesa, para não perder a bola, por causa da pressão do Flamengo, além de tentar explorar, nos contra-ataques, os espaços pela direita, com Dudu, Raphael Veiga e, provavelmente, Roni.
O Corinthians, pela qualidade do elenco, poderá, ao longo do ano, igualar-se a Flamengo, Palmeiras e Atlético. O técnico tem alternado jogadores a cada partida, para evitar o desgaste físico. Róger Guedes não é centroavante nem ponta. É um atacante pela esquerda, que entra em diagonal para fazer gols, como fazia no Atlético e como faz Bruno Henrique no Flamengo. Com Guedes pela esquerda, Willian deve jogar pela direita. Ele é bom dos dois lados.
O Corinthians atua com um trio no meio-campo, com um volante mais centralizado, geralmente Queiroz, e um meio-campista de cada lado, que marca e que avança como um meia. Há vários muito bons. Assim atuam as principais equipes europeias. No Brasil, a maioria dos times, há décadas, joga com dois volantes em linha e com um meia de ligação à frente dos dois. É diferente.
Na Europa, como as equipes são mais compactas, não há espaço para se ter um meia de ligação clássico, como no Brasil, que atua entre os volantes e os zagueiros adversários. Como disse o técnico Klopp, muito melhor que ter um meia ofensivo talentoso é ter um trio no meio-campo que pressione e recupere a bola perto do outro gol.
Quando o Liverpool contratou o brasileiro Thiago Alcântara, naturalizado espanhol, muitos questionaram por que Thiago gosta de enfeitar o passe, de tentar lances especiais, de olhar para um lado e jogar a bola para o outro, já que o meio-campo do Liverpool é muito combativo e gosta de pressionar o adversário. Klopp respondeu: "O Liverpool precisa de um pouco de fantasia no meio-campo".
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