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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Ver Real x City evocou memórias de Santos x Botafogo nos anos 60

Vendo partido de hoje e do passado, tenho vontade de me sentar na calçada e chorar de alegria com lágrimas de esguicho

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Nas últimas décadas, ocorreram duas transformações negativas no futebol brasileiro, que continuam presentes, embora haja uma lenta tendência de abandoná-las.

A primeira foi a divisão do meio-campo entre os volantes que marcam e atuam do meio-campo para trás e os meias que atacam e jogam do centro do campo para o gol. Com isso, diminuíram bastante os meio-campistas que atuam de uma intermediaria à outra.

A segunda mudança foi o deslumbramento pela velocidade, pela pressa de chegar ao gol, pelo excesso de passes longos e de cruzamentos para a área. A troca curta de passes e o domínio da bola no meio-campo passaram a ser sinônimos de lentidão e de pouca objetividade.

De Bruyne, Rudiger e Haaland disputam a bola durante partida entre Real Madrid e Manchester City
De Bruyne, Rudiger e Haaland disputam a bola durante partida entre Real Madrid e Manchester City - Javier Soriano - 9.mai.23/AFP

Ao mesmo tempo, aconteciam mudanças na maneira de jogar nas principais equipes europeias. Em vez de criar verdades, passaram a utilizar alternativas de acordo com o momento. Uma grande equipe necessita saber marcar mais atrás e mais à frente, ser propositiva e reativa, trocar passes curtos e fazer lançamentos longos. Isso não significa falta de personalidade, mas, sim, sabedoria. A vida é sonho e realidade.

No meio de semana, no empate por 1 a 1 entre Real Madrid e Manchester City, pela Champions League, vimos tudo isso. Os dois times se parecem e são diferentes. Gostam do domínio da bola, de pontas abertos e da presença de um trio no meio-campo formado por um volante pelo centro e um meio-campista de cada lado que ataca e defende.

São diferentes porque o City marca por pressão para recuperar a bola mais perto do gol, e o Real marca mais atrás para contra-atacar com Vinicius Junior. Durante a partida, trocam de postura tática, de acordo com as necessidades do jogo.

Vinicius Junior, que no início de sua trajetória no Real Madrid finalizava e passava mal, além de fazer muitas escolhas equivocadas, evoluiu, corrigiu as deficiências e é hoje um forte candidato a ser o melhor do mundo, herdeiro do trono deixado por Messi e Cristiano Ronaldo.

O Palmeiras e o Fluminense, os dois melhores times brasileiros, adotam o mesmo caminho do Real e do City. Nas vitórias do Palmeiras sobre o Grêmio e do Fluminense sobre o Cruzeiro, os dois times fizeram gols parecidos, o de Mayke pelo Palmeiras e o de Cano pelo Fluminense, após longas trocas de passes de uma intermediaria à outra. Habitualmente, são equipes diferentes. O Palmeiras prefere os passes longos e a velocidade, enquanto o Fluminense gosta da troca curta de passes.

A diversidade na maneira de jogar, com variações no momento certo, é o presente e o futuro do futebol.

Ao ver os jogos entre o City e o Real, lembro-me das espetaculares partidas entre Santos e Botafogo nos anos 60. Parafraseando o delirante Nelson Rodrigues, após assistir a essas partidas de hoje e às do passado, tenho vontade de me sentar na calçada e, arrepiado, chorar de alegria com lágrimas de esguicho.

Escândalo no futebol

No Brasil, o jogo de azar é proibido, e mesmo assim é o país da jogatina por meio de milhões de sites de apostas na internet e por tantas outras maneiras, legais e ilegais. Joga-se de tudo. De um país pode-se apostar em milhões de coisas que acontecem no mundo.

Quase todos os clubes brasileiros são patrocinados por casas de apostas. Vários atletas e ex-atletas são garotos-propagandas de sites de jogo. É o país das contradições, do jeitinho e do que parece, mas não é. Os corruptores (quadrilhas de apostas) e os atletas corrompidos, se condenados, deveriam ser duramente punidos pela Justiça.

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