Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Os craques brilham quando são amparados por um ótimo conjunto

Times de futebol precisam de grandes jogadores e de boa estratégia coletiva

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Durante o longo tempo em que acompanho o futebol, como atleta, comentarista, colunista e observador, nunca vi um país de nível técnico médio se tornar uma potência mundial.

Algumas seleções como a Croácia chegaram perto, mas penso que é um brilho passageiro, de uma geração, comandada por Modric, que se aproxima do ocaso. Além disso, a Croácia faz parte da antiga Iugoslávia, que tinha muita tradição no futebol. Nos anos 60, o mundo se encantava para ver, em algum lugar do mundo, os frequentes amistosos entre o Santos de Pelé e o Estrela Vermelha, a grande equipe da Iugoslávia. O Santos vencia mais que perdia. Hoje, o Estrela Vermelha é um time mediano na Europa.

Pelé, ao lado de Pepe e Coutinho em seu grande Santos - José Dias Herrera/Santos FC

Os Estados Unidos e o Japão aprenderam as estratégias de jogo, formaram ótimas estruturas profissionais com esperança de se tornar potências mundiais. Evoluíram, mas ficaram no meio do caminho. Faltam craques. Zico, que foi técnico no Japão, disse que era muito difícil convencer os disciplinados japoneses que eles poderiam, no momento certo, improvisar. O futebol é um esporte de estratégias, de técnica e de improviso.

Os Estados Unidos, o país do basquete, investiram no vôlei e chegaram a ser campeões do mundo. Pensaram que podiam fazer o mesmo no futebol. Faltaram os craques.

Na Copa de 1994, vi a Nigéria com grandes jogadores encantar o mundo. Foram eliminados pela Itália em um jogo em que foram muito melhores. Em 1996, os nigerianos ganharam a medalha de ouro nas Olimpíadas, depois de vitórias sobre o Brasil nas semifinais e a Argentina na final. O Brasil tinha quase todos os mesmos jogadores campeões do mundo em 1994.

Na época, pensei que os africanos se tornariam protagonistas do futebol mundial. Isso não ocorreu, embora tenham excelentes jogadores espalhados pela Europa. Dizem que a evolução dos africanos não foi tão expressiva como se esperava porque importaram um grande número de treinadores europeus, que não tinham a visão do futebol que os europeus possuem hoje. Na época, os treinadores teriam adotado um futebol truculento, físico, defensivo, que bloqueou o talento africano.

Nesta semana, assisti a alguns jogos pelas eliminatórias da Eurocopa. A Espanha, como sempre, mostrou excepcionais meio-campistas, comandados por Rodri, que deram um show de trocas de passes, de domínio da bola no meio-campo, mas com grandes dificuldades para chegar ao gol na vitória por 1 a 0 sobre a Noruega. Nas eliminações da Espanha nos últimos Mundiais, os comentários prontos eram sempre de que a troca curta de passes e a posse de bola não tinham objetividade. Não é por aí. Faltam à Espanha atacantes de grande talento.

Espanha teve dificuldade para derrotar a Noruega - Fredrik Varfjell - 15.out.23/AFP

Se juntassem a troca de passes, a posse de bola e a qualidade individual do meio-campo da Espanha com atacantes hábeis, rápidos, dribladores e finalizadores, como Vinicius Junior e Neymar, que não precisaria recuar para armar as jogadas, seria uma excepcional seleção.

Independentemente da atuação e do resultado do duelo entre Brasil e Uruguai, na noite de terça (17), o time brasileiro precisa evoluir, no individual e no conjunto. Não podemos endeusar a equipe, os jogadores e o técnico nas vitórias nem destruir, cancelar, nas derrotas. Não deveríamos ser analistas de plantão. O time precisa de craques e de boa estratégia coletiva. Os craques, com frequência, brilham quando são amparados por um ótimo conjunto. Porém não se formam grandes times sem os craques.

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