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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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O futebol e a vida possuem muitos mistérios

Há um trauma psicológico no Brasil? Scaloni está arrependido do sucesso? Tenho mais dúvidas do que convicções

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A desorganização da CBF, da direção do Maracanã e da segurança pública foi determinante para o vexame, a pancadaria que ocorreu na arquibancada antes do jogo entre Brasil e Argentina. Isso depois da morte de uma jovem no show da cantora Taylor Swift, além da violência que aconteceu pela cidade do Rio de Janeiro entre torcedores do Boca Juniors e do Fluminense. É um desastre moral, turístico e financeiro para o país.

A violência nas arquibancadas antes do jogo entre Brasil e Argentina foi transmitida para o campo, em uma partida com muitas faltas, trombadas, mãos na cara e pouquíssimo futebol para o nível de duas grandes seleções mundiais.

Diferentemente da partida contra a Colômbia, na qual o Brasil marcou muito atrás e deixou enormes espaços no meio-campo, contra a Argentina o time atuou com muita garra, pressionou na marcação durante todo o jogo e não deixou os argentinos jogarem. Eles fizeram o mesmo. Houve dos dois lados muita destruição e raríssimas ótimas construções de jogadas.

Será que o treinador Fernando Diniz é como aqueles jogadores que brilham no futebol brasileiro, mas não conseguem ir bem na seleção? - Daniel Ramalho - 21.nov.23/AFP

Já no Brasileirão, Flamengo e Bragantino realizaram uma excelente partida, com muita marcação e belos lances individuais e coletivos. Assim é que a seleção brasileira tem de jogar. Para isso, é necessário priorizar a aproximação, o preenchimento maior do meio-campo e a troca de passes, características do Fluminense, dirigido também por Fernando Diniz.

Existe um grande número de jogadores que brilham no Brasil, mas que não conseguem jogar bem na seleção por causa da diferença técnica. Será que isso aconteceria também com os treinadores, como Fernando Diniz?

Após a derrota da seleção principal para a Argentina, o Brasil foi eliminado nas quartas de final do Mundial sub-17 pelos argentinos, perdendo por 3 a 0. Têm sido frequentes derrotas importantes de equipes brasileiras em partidas decisivas. Será que haveria um trauma psicológico que se espalharia por meio do inconsciente coletivo pelo futebol brasileiro?

As principais seleções da América do Sul tendem a ter qualidades parecidas. Os melhores jogadores de outros países do continente são negociados para a Europa e os logo abaixo são contratados pelos times brasileiros, que se tornam nitidamente superiores aos rivais. Entre seleções essa diferença é cada vez menor.

A enorme queda do Botafogo no segundo turno do Brasileirão foi mais por razões psicológicas ou as coisas voltaram para o lugar certo, já que o time individualmente não é tão bom quanto parecia?

Durante a pancadaria na arquibancada, antes de começar o jogo, Messi incentivou os companheiros a não entrar em campo, com medo de que a violência passasse para o campo. No jogo, o pacífico e assustado Messi abandonou a partida, como queria fazer antes de a bola rolar.

A grande surpresa ocorreu pós-jogo, quando o jovem técnico Scaloni, na festa da vitória, disse que não se sentia bem e capaz de continuar na direção da seleção, sem falar o motivo. Estranho.

Será que ele, em um raciocínio pragmático, lembrou, com lucidez, que raramente uma seleção ganha duas Copas seguidas, ainda mais se não contar com Messi em forma? Será que ele passa por problemas emocionais e quer cuidar da saúde mental? Ou será que Scaloni se sente arrependido do sucesso, por ter sentimentos de culpa, consciente e inconsciente, de que não seria merecedor da glória de ser um campeão mundial? Freud publicou um detalhado trabalho sobre problemas emocionais em pessoas vitoriosas.

Tenho mais dúvidas do que convicções. O futebol e a vida possuem muitos mistérios.

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