Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí

Temporada de fogo

Nesta semana, a Amazônia teve o pior dia de queimadas em 15 anos

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Começou a temporada de fogo na maior floresta tropical do mundo. O Brasil é o quarto país mais poluidor do mundo em emissões de gás carbônico desde que o desmatamento começou a ser contabilizado.

O desmatamento e as queimadas não vêm só tirando a capacidade da floresta de reter gás carbônico; são também vilões reais no aquecimento do clima.

As consequências disso são não só as mudanças climáticas como a piora da qualidade de vida da população, que sofre com males respiratórios e vê agravadas doenças pré existentes como a Covid-19, que ainda vem matando no Brasil. A vida de quem vive nessas terras também fica ameaçada.

Nesta semana, a Amazônia teve o pior dia de queimadas em 15 anos. Foram 3.358 focos de incêndio registrados em um único dia. Pior até mesmo que o chamado "dia do fogo", acontecimento ocasionado no mesmo mês, em 2019, quando São Paulo ficou escura por causa da fumaça vinda da Amazônia.

Entre as 10 cidades que mais emitiram gases de efeito estufa, 8 estão na Amazônia, onde o desmatamento é a principal fonte de emissão. Entre elas está Porto Velho (RO), onde fica a Terra Indígena Karipuna.

Focos de incêndio na Terra Indígena Karipuna., em Rondônia em agosto de 2022 - Fábio Bispo/InfoAmazonia

A TI Karipuna tem 195 mil hectares e sua população sofreu redução drástica após o contato com não indígenas, chegando a ter apenas 11 indivíduos; atualmente são aproximadamente 55 pessoas.

Há mais de uma semana o povo karipuna vem denunciando que seu território está sendo consumido pelo fogo ilegal realizado por madeireiros e grileiros. Essa terra indígena é uma das que mais sofrem pressões, que se acirraram com a aprovação, pela Assembleia Legislativa de Rondônia, da redução dos limites do Parque Estadual Guajará Mirim e da Reserva Extrativista Estadual do Rio Jaci Paraná.

O TJ-RO declarou a inconstitucionalidade e a nulidade das reduções, mas até hoje o governo não retirou os invasores do local.

Focos de incêndio na Terra Indígena Karipuna., em Rondônia em agosto de 2022 - Fábio Bispo/InfoAmazonia

Em março deste ano, o líder indígena Adriano Karipuna retornou à ONU e, na presença do relator especial sobre as obrigações de direitos humanos relacionadas ao gozo de um ambiente seguro, limpo, saudável e sustentável, denunciou as invasões e grilagem em sua terra.

Os indígenas afirmam que os focos de incêndio começaram no dia 16 deste mês e que nenhuma providência ainda foi tomada. Grande parte da mata nativa do território já foi perdida e o pouco que sobrou é defendido pelos karipunas sob ameaças.

Corre indígena, corre bicho. E se a floresta tivesse pernas também não ficaria lá. Quando entenderemos que estamos queimando sem pensar? Quantas curas para doenças já não foram queimadas? E o povo que vive lá, para onde vai se mudar?

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