Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí
Descrição de chapéu indígenas

Os indígenas e a ciência

Um encontro para tornar a academia mais democrática e intercultural

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Aconteceu de quarta (20) até esta sexta (22), em Brasília, o 1º Encontro Internacional de Pesquisadores Indígenas entre Aldeias e Universidades, organizado pela União Plurinacional de Estudantes Indígenas (Upei), no auditório do CNPq. O evento contou com a presença de indígenas do Brasil, Equador, Bolívia, Chile e Colômbia e com grandes personalidades, como as lideranças Raoni Metuktire, Eliane Potiguara e Ailton Krenak.

Com a proposta de debater temas importantíssimos, como a emergência climática e a ciência originária, o encontro fortalece a presença indígena na academia. Foi um evento organizado por estudantes, cientistas, pesquisadores e pensadores indígenas para os estudantes indígenas, a academia e a sociedade em geral, que debateu a importância de valorizar o pensamento originário para superar a crise do clima e propor nossas formas de ser e estar neste mundo visando um futuro que é ancestral.

Na abertura foram enfatizadas a importância dos estudantes e pesquisadores indígenas para uma universidade mais democrática e intercultural e a importância desses pesquisadores para construir uma universidade e uma ciência com visões plurais, menos racista e menos violenta em relação aos povos indígenas. Durante muito tempo, a ciência foi usada para nos oprimir e subjugar, nos vendo como povos selvagens e não civilizados.

O cacique Raoni (à esq.) e a ativista Txai Suruí (à dir.) no Encontro Internacional de Pesquisadores Indigenas entre Aldeias e Universidades - Gabriela Biló/Folhapress

No entanto, com o passar do tempo e com a forma como a sociedade não indígena vem tratando a natureza, o conhecimento —ou, como proposto pelo evento, a ciência ancestral— se faz cada vez mais importante e necessário no combate à crise do clima. São os povos indígenas os especialistas em floresta e sempre foram as sociedades que melhor trabalharam o uso da terra e do solo e viveram milenarmente em harmonia com a natureza, não a colocando em crise, mas fazendo da floresta seu grande jardim, sua casa e parte de sua existência.

Em entrevista à Folha, Arlindo Baré, presidente da Upei, afirmou: "Nós, povos indígenas, sempre pautamos a justiça climática a partir da preservação da natureza. A gente tem esse papel importante. Em relação à área de pesquisa, conseguimos ter dados, informações e índices para dizer também que a ciência concorda com aquilo que a gente já fala há milhares de anos, desde os nossos ancestrais".

Na revolução para transformar a academia, esses estudantes transformam seus papeis, deixando de ser objeto de pesquisa para serem eles próprios os pesquisadores, os cientistas e os pensadores. Levam assim o conhecimento indígena para dentro da universidade e valorizam a educação e o ensinamento aprendidos dentro de suas aldeias e territórios com nossos mais velhos e seus povos.

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