Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Txai Suruí
Descrição de chapéu Todas TSE indígenas

Os indígenas na política brasileira

Partidos terão de respeitar regra de proporcionalidade de verbas a esses candidatos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O Tribunal Superior Eleitoral decidiu que candidaturas indígenas devem ter reserva proporcional de recursos e de tempo de TV e rádio. A proposta foi apresentada à corte por meio da consulta da deputada Célia Xakriaba (PSOL-MG). A consulta propõe cotas para incentivar a participação de representantes dos povos originários na política brasileira.

O TSE aprovou, por unanimidade, que a distribuição do dinheiro do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral deve ser feita de forma proporcional ao total de candidatos indígenas que os partidos apresentarem nas eleições. A norma funciona da seguinte forma: se em um partido 30% de seus candidatos forem indígenas, deve ser destinado a esse grupo 30% dos recursos. Os partidos têm autonomia para decidir como se dará a distribuição do dinheiro a cada candidato indígena.

A deputada federal Célia Xakriaba após o STF considerar inconstitucional o projeto do marco temoral - Ueslei Marcelino/Reuters


No pedido apresentado ao TSE, a deputada Célia destacou a baixa representatividade dos povos indígenas nos espaços de decisão política e a necessidade de medidas para enfrentar essa questão. Atualmente, existem políticas de incentivo às candidaturas de mulheres e negros, porém elas não alcançam totalmente os povos indígenas.

O ministro Kassio Nunes Marques em seu voto afirmou que "não há como não se ter esse olhar sobre os povos indígenas". É importante que essa preocupação se estenda também às esferas municipais e estaduais, principalmente agora que as eleições se aproximam. Tais medidas são primordiais para corrigir a divida histórica e combater o racismo estrutural vivido pelos povos indígenas do Brasil.

Diante do cenário pelo qual passava o país no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, com ataques nunca vivenciados pelos povos indígenas, o movimento indígena fez um chamado para aldear a política. Apresentamos a bancada do cocar como uma forma de re-existência e de luta pela floresta em pé, com a proposta de indigenizar a política.

Elegemos duas deputadas, Célia Xakriabá e Sonia Guajajara, com identidades plurais em corpos políticos que desacordam com o caráter universalista, branco e heteropatriarcal de pensar, normatizar, politizar e governar o mundo.

As ministras Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Marina Silva (Meio Ambiente) com o ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos) - Ueslei Marcelino/Reuters

Em 2022, o Acampamento Terra Livre teve como tema demarcar os territórios e aldear a política e em seu chamamento afirmou: "Partimos da luta nos territórios, virtuais e locais, de atuação política e social, baseados na nossa sabedoria ancestral, no cuidado com o povo e com o território brasileiro para dizer: ‘a política será território indígena, sim!’. Nosso intuito é promover o bem viver, reflorestar mentes e aldear a política. Uma forma conjunta e democrática de decidir e conduzir futuros".

Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com dois meses de assinatura digital grátis.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.